Por José CíceroJC ao lado do famoso radialista esportivo do Cariri e do Nordeste Fco. Silva - Foguinho
Uma passagem pelos Sebos de livros e de discos de Juazeiro do Norte
Na última quinta-feira(3) quando em Juazeiro do Norte resolvi visitar alguns sebos – buscando encontrar alguns livros raros que no mais das vezes não se encontam no mercado editorial. Tal comércio de obras usadas, que graças a Deus está ressurgindo aqui no Cariri fica localizado na antiga galeria Zé Viana, bem como numa ruazinha que nem sei o nome, paralela a famosa rua São Pedro. Fiquei surpreso diante da quantidade e variedade de obras ali existentes.
Não por acaso, sempre desejei ir ao Recife, não apenas para contemplar o velho Capibaribe que inapelavelmente nos remete não apenas à Veneza imaginária, assim como à memória dos pernambucanos poetas Manoel Bandeira e João Cabral de Melo Neto. Meu propósito, contudo, diria que seria igualmente visitar e vasculhar os famosos Sebos que segundo dizem, ocupam quase todo um quarteirão antigo da bela Recife.
No Juazeiro do meu padim comprei algumas pérolas da literatura mundial: Marcel Proust, Moliére, Victor Hugo, Remingway, Edgar Allam Poe e Oscar Wilde, além de uma obra sobre Lampião(creio que me servirá na pesquisa que ora faço acerca do rei do cangaço em Aurora). Comprei ainda por um preço módico um clássico - 'A vida secreta' de David Jacobs sobre a fenomenologia ufológica a qual também sou adepto. Despois decidi dá uma esticadinha até a rua São Domingos pra bandas da “caixa d’água” quase no centro.
Fui visitar como sempre faço quando disponho de um pouco mais de tempo, o empório musical de antigos discos de vinis do agradável, famoso e simpaticíssimo 'Zé Baixim dos discos'. Lá consegui um Bob Dylan, ABA, Lobos e Trio Nordista.
Zé Baixim dos Discos com Adriano Anão e José Cícero no seu empório de discos antigos de vinil em Juazeiro do Norte-CE
Outro dia publiquei um artigo-reportagem na internet, isto é, no Blog de Aurora e noutros veículos similares. Abordando o resistente ofício de vendedor de vinil do Zé. Assim como a preciosidade do seu acervo quando logo recebi uma ligação da repórter do jornal Diário do Nordeste(caderno regional) Elizângela Santos. A mesma havia se interessado pelo assunto e ansiava publicar uma nova reportagem no DN. O que foi feito e, em cuja matéria também inseriu meu depoimento. Que bom que os velhos e românticos bolachões e contendo a boa música do passado ainda dão "ibope" pelo menos no meio jornalístico.
De forma que a tal reportagem, para a minha surpresa, estava lá emoldurada num quadro na parede do comércio do velho Zé Baixim com direito a fotografia colorida e tudo. O que segundo ele, é o único objeto que não está exposto à venda naquele ambiente dominado pelos antigos discos de vinil e posteres de artistas de época. Sempre gosto de fotografar as capas antigas mesmo que não as leve comigo, porque sei o quanto somos sem memórias...
Um encontro com o famoso radialista esportivo Francisco Silva – Foguinho.
Mas a minha alegria do dia não se resumiu apenas a este contato livresco e discográfico. Meu contentamento maior foi ter praticamente esbarrado por uma feliz coincidência, no momento em que eu saía do Sebo com uma figura das mais queridas da radiofonia esportiva do Cariri e do Nordeste – Francisco Silva – O popular 'Foguinho'.
Ele que nos últimos anos tem passado por problemas sérios de saúde, o que quase o afastara definitidamente da lida radiofônica regional. Já que não milita mais na bancada dos microfones, pelo menos no que tange às narrações esportivas que noutros tempos o fizeram notábel em boa parte do país. Lembro inclusive, do Foguinho narranda a copa do Mundo e o mundial do Japão. Era, por assim dizer, a nossa voz sertaneja gritando alto no além-fronteira.
Como também, quando eu ainda era menino o vi por diversas vezes narrando nas tardes de domingo no estádio Valdemiro Dantas - 'o Dantão' em Missão Velha nas memoráveis e inesquecíveis partidas do Real FC missãovelhense. Além dos clássicos juazeirenses obviamente, nos anos áureos e românticos do nosso futebol do Cariri...Num tempo em que sabíamos de cór todos os nomes dos jogadores de cada time. E quando o rádio ainda era de fato, um sucesso de massa e sua audiência uma verdadeira coqueluche.
Afável e cordial privei naquele instante e no entardecer de Juazeiro do seu abraço e, rapidamente falamos das poucas vezes que ele estivera em Aurora em inolvidáveis transmissões esportivas, quando ainda no antigo ‘Romãozão’. Na época ele ainda era uma grande novidade. Uma verdadeira sensação, um acontecimento social... Quando naquela ocasião tive o prazer e, falamos sobre este fato – de na última transmissão de Foguinho em Aurora ser o seu comentarista. Num jogo entre Guarani x Seleção de Aurora.
Lembro que no final da partida, Foguinho veio me agradecer e dizendo que havia gostado da minha participação. E, confesso que acreditei no seu julgamento. E em seguida, me fez mais um convite para uma transmissão do ‘Inaldão’ de Barbalha. Fiquei de dá-lhe a resposta até hoje...
Por onde andará agora o grande literato e espiritualista Aldenor Benevides?
Agora que me (re)encontrei com o grande e imortal Foguinha no juazeiro do meu padim, queria igualmente rever o decano literato Aldenor Jaime de Alencar Benevides. Uma das mais completas e humanistas figuras que já testemunhei na vida.
A última vez que o vi estava extremamente debilitado em face dos seus sérios problema de saúde. Posto que já ultrapassara seus mais de 90 anos de existência - idade física, como ele próprio gostava de resssaltar. Já que era uma Kardecista convicto e acreditava portanto na reencarnação.
Era, como ainda o é, um homem de uma visão simplesmente monumental e por demais holística. Um cara de pensamento positivo e avançado. Há muito que não tenho notícia daquele grande mestre que aprendi admirar com todas as minhas forças e convicções. Com ele e, sobretudo com os seus gestos e ensinamentos confesso que aprendi muito...
Possuo quase todaa série das obras - livros de bolso, que o mesmo editava a sua própria expensas e enviava gratuitamente pelos Correios para todos os amigos e a população leitora de várias parte do Brasil. Segundo ele, era a melhor maneira de se ajudar a desenvolver na juventude o hábito da leitura. Uma das mentes mais férteis e um coração de santo, tamanho era o seu desprendimento material e a visão de mundo que possuia.
Nunca esqueci quando ele me escreveu dizendo que estaria doando sua biblioteca e me escolhera com um dos ‘recebedores das suas obras’. Como também quando me entregou o diploma de sócio-correspondente do Instituto Cultural do Vale Carienses(ICVV). Ainda, quando das duas ou três vezes que fui a sua casa na rua São José para receber seus passe espirituais e os livros que me doara. Na última, ele quase não andava e tinha dificuldade, inclusive, para ouvir. Nossos contatos eram quase todos à moda antiga, ou seja, por correspondência via correios.
Que saudade do grande Aldenor – como ele mesmo dizia – o filósofo do piripau. A quem chamarei ainda hoje de homem de Deus. Um espírito realmente da mais pura exceção. No fundo como a qualquer tempo, sei que estará comigo em espírito e pensamentos....
Posto que toda a grandeza assim como a força da sua energia sutil e supra física superará todas as barreiras, acaso imposta pela matéria. Presumo por fim, que o nosso velho e bondoso filósofo do piripau, é luz que nunca se apaga. De modo que estará sempre comigo.
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JC para o Blog de Aurora.
Fotos: Adriano Sousa Anão
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