domingo, 24 de abril de 2011

Cachoeira Bela...

Por José Cícero

Cachoeira de Missão Velha

Espetáculo das águas.
Esplêndido teatro das coisas de Deus.
Fabulosa enciclopédia
da história geológica da Terra.
Cachoeira bela.
Eterno milagre da natureza
em todo o seu encanto
edificada,
entre árvores e pedras.
Magnífica beleza
expressa,
em suas misteriosas correntezas.
Cachoeira de Missão Velha.
Caminhos das águas,
serpenteando entre as verdes matas.
Espécies diversas.
Lindas bromélias.
Raras cactáceas.
Líquidas dádivas dos céus
no chão espraiadas,
em proeminentes quedas d’águas.
Fartas sementes,
engravidando o Salgado
de riqueza e de promessa.
Pedra da Glória:
Mineralíssima nascente do “Pinga”.
Rio valente.
que jamais se entrega
à sanha louca dos homens ignorantes.
Manancial caririense.
Endêmico bioma.
Cachoeira bela!
Fauna e flora biodiversa.
Desafiando a nossa consciência pós-moderna.
Plena exuberância...
Cachoeira de Missão Velha.

..................
Jossé Cícero
Secretário de Cultura
Aurora-CE.
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Fotos: Cachoeira de M.Velha por: JC

sábado, 16 de abril de 2011

UM POEMA A NOSSA SERRA DO ARARIPE...

Araripe sob o machado*

Machado cruel
Sonho perdido

Em meio,

A uma multidão de esquecidos.

Sequidão do planeta.

Desertos formados

Em nossos pés rachados

E sem juízo.

Semi-árido triste
...
Pé de pequi.

Um dia plantado

Pelos anjos de Deus

No jardim dos céus

- Serra do Araripe.

Teto de um mundo,

Alvissareiro,

mágico vegetal
Agora transformado

Em puro carvão

Para o suculento churrasco

Inadiável de domingo

dos cupins humanos
que pensam(coitados)
Comer dinheiro.
........
Por José Cícero
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quarta-feira, 13 de abril de 2011

José Lins do Rego – 110 anos de nascimento

Uma sentença de granito! Uma exigência a que todos nós pobres mortais interioranos haveríamos de conceber por nosso próprio íntimo e desejo: Ler um livro. Outros vários...
muitos e muitos outros. Milhares e milhares de escritos pela vida adentro.
Até quem sabe, nos fartar de todos os saberes infinitos do mundo. Dos acontecimentos históricos, das divagações românticas. Das belas e maravilhosas invenções dos literatos. Algo somente possível aos loucos e maravilhosos sonhadores: poetas do superlativo absoluto, abstrato e concreto verso. Colossal surrealismo dos deuses, somente ao alcance dos grandes e grandiloquentes escritores e poetas universais do estro...
Monstros sagrados da escrita que nos afaga o âmago, mas que também às vezes, nos queimam com seu fogo alucinante e ardente o nosso tédio e o nosso senso fraco de vencidos. Mágicos literários. Escribas insaciáveis a construir com seus sonhos e gestos mirabolantes novos universos de tudo o mais que é belo. Poeticamente a pulular nosso cérebro de estória e heroísmo. Imersos em seus magnetismos de gigantes. Eternos 'Pormetus' a embelezarem a vida e o mundo de coisas novas e utopias possíveis. Criadores de todas as metáforas contidas entre seus balaios repletos de idéias e outros absurdos dos mais fantásticos.
Meu Deus que martírio dos mais tristes! Saber que a maioria esmagadora dos brasileiros e, por pura gravidade, dos nordestinos. Jamais ouviram falar sequer um dia e, por conseqüência óbvia, nunca leram absolutamente nada do grande imortal escritor e romancista-mor do nosso regionalismo José Lis do Rego. Um paraibano dos mais importantes na arte da escrita. Irrequieto e inventivo homem das letras semeadas e colhidas sob o sol escaldante do eito. Da árdua lida cotidiana dos canavais, caaatingas e engenhos de cana dos sertões do mundo.
Magno criador do verdadeiro romance plasmado sob a sinergia do melhor do regionalismo brasileiro. Belo gênero literário que encantou por seus méritos os grandes escritores do globo mas que infelizmente, nem tanto os brasileiros. Não por falta de talento, porém pela mais absoluta falta de bom-gosto de todo o resto. Mas, como diria Borges, não será pela indiferença deste povo, que uma grande obra deixará de ser o que é.
José Lis do Rego, pela primeira vez tirou dos recônditos escondidos do Nordeste os valores historiográficos dos oprimidos no ciclo da economia canavieira. Foi por tudo isso, um romancista dos mais conceituados. O verdadeiro criador maior do autêntico gênero regionalista. A chave que abriu espaço para que o romance regional pudesse enfim, adentrar de uma vez por todas os palácios das elites, a partir das mais belas narrativas de fatos e acontecimentos que, a um só tempo, conseguiram concentrar no seu bojo a realidade social e memorialista do até então, considerado, Nordeste dos esquecidos.
Grandes histórias e estórias que também denunciavam ao resto do Brasil e até do mundo todo o abandono em que estavam submetidos o valente e forte povo sertanejo. Afinal, de contas quem, por acaso, conseguiu ler sem se emocionar obras primas de Do Rego, como: Menino de Engenho, Fogo Morto, Usina, Bangüê, O moleque Ricardo, Doidinho, estorietas de Menino de Engenho dentre outras verdadeiras pérolas da nossa literatura. Algo que por nenhum motivo, os brasileiros, notadamente a sua juventude, não deveria encarar com tamanha indiferença e desconhecimento.
Coisa que também vale, sobretduo para os nossos professores e por via de conseqüência, aqueles que adoram ser chamados de intelectuais e formadores de opinião.
“A obra de Zé Lins caracteriza-se, particularmente, pelo extraordinário poder de descrição. Reproduz no texto a linguagem do eito, da bagaceira, do nordestino, tornando-se por tudo isso, o mais legítimo representante da literatura regional nordestina.”
Na Academia Brasileira de Letras(ABL) José Lins do Rego ocupou a Cadeira nº 25, sendo eleito em 15 de setembro de 1955, sucedendo Ataulfo de Paiva apresentado pelo grande Austregésilo de Athayde, em 15 de dezembro de 1956.Além de romancista José Lins do Rego, foi também cronista e jornalista. Tendo nascido em 1901, no Estado da Paraíba(fazenda Pilar). Morreu no ano de 1957 no Rio de Janeiro. Contudo, passou boa parte da sua sua vida em Recife-PE.
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*José Cícero
Secretário de Cultura
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terça-feira, 12 de abril de 2011

E a passagem do trem passou a ser saudade....
















.... E a passagem daquele trem da feira era uma festa.
Um acontecimento social dos mais emblemáticos e importantes
para os que pareciam esquecidos nas bibocas do mundo.
A chegada do trem de passageiro
era uma louvação à inteligência dos homens.

Um raro instante de felicidade
onde se misturavam num só espaço:
Sonhos adolescentes e arroubos de rebeldes meninos

aspirando, quem sabe, conhecer através dos trilhos, outros lugares.
Velhos tempos em que as promessas de progressos
e de outras realizações possíveis
também andavam naquele velho trem cargueiro e de passageiros
rompendo as distâncias das léguas tiranas para chegar enfim,
até todos nós, pobres mortais...

Teimosos sobreviventes dos grotões sertanejos....
Maria-fumaça! Depois o avanço do 'sonho azul'...
Carregado de ilusões e outras novidades
a encher nossos olhos
de brilhos, sorrisos e fumaças.
A chegada do velho trem também era um milagre...
Posto que bastava ouvi-se ao longe o apito estridente da máquina
para que as pessoas das vilas e das provincianas cidades
acorressem todas para as estações.
E ali, uma vez mais, presenciavam deslumbradas
o inacreditável espetáculo-fenômeno
da nossa tecnologia.
Logo, a plataforma de pedra, como num toque de mágica,
de repente se enchia de gente.
Uma algaravia desvairada.
Uma feira de comidas e bebidas logo ali se instalava.

Paqueras, namoricos...

Políticos em seus palanques ao ar-livre.
Parentes que partiam ou quem chegavam.
Abraços... Expressões de tristezas e de contentamento...
O trem trazia consigo no seu longo comboio tudo isso.
Busca de notícias, encomendas,
mercadorias
que se compravam e se vendiam.
Ricos, pobres e miseráveis
tudo o trem levava e também trazia para aquele fim de mundo.
Tudo ali na pedra da velha estação se misturavam
sem maiores conflitos.
E quando enfim, o trem partia novamente
deixava no ar, além de fumaça,
um laivo de tristeza e de saudade,
até o outro dia,
quando todos o esperariam de novo
com o mesmo espírito de entusiasmo e fantasia...
Indefinidamente.
Até que certa feita, alguém se arvorou de dono do mundo.
E com o poder político
trocara os votos dos nossos sertanejos

pelos milhões de dólares dos empresários
dos transportes rodoviários.
Desde então, a passagem daquele velho trem da feira
que sempre foi uma grande festa
passou a ser lembranças.
E de lá pra cá,
antigas cidades, vilas e povoados
espalhados ao longo da linha férrea,
voltaram ao seu quase primitivo estado
desprezo
e abandono.
Tudo o mais agora
é puro silêncio,
solidão e reminsicências.
....
José Cícero/2011
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domingo, 10 de abril de 2011

Acerca do massacre dos estudantes do RJ*

A tragédia ocorrida estes dias na escola do Rio de Janeiro onde 12 crianças foram covardemente assassinadas à tiros e outras tantas saíram gravemente feridas é mais uma evidência da verdadeira globalização da miséria e da maldade humana ora a se espalhar como ervas daninhas sobre a face da terra.
Quem sabe uma cópia dantesca das tragédias que vez por outra, acontecem em países ditos desenvolvidos como os Estados Unidos. Loucura, fanatismo, mórbida insensatez imposta aos fracos de humanismo e de espírito pela civilização pós-moderna com seus conflitos. Ou ainda, quem sabe, o doentio desejo dos esquizofrênicos de alcançar o ‘shownalismo’ midiático, isto é, ter seu instante de “fama”; virar notícia pelo mundo. Uma nova e deplorável modalidade de suicídio atrelado ao assassinato em massa de inocentes. Ainda quem sabe tudo isso junto. Não sei ao certo... Apenas sei que beiramos o caos...
Os que por acaso acreditam. E mais que isso: querem sempre provar a autêntica personificação do diabo, creio que neste lamentável episódio de realengo e tantos outros, o “demo” deva está em sua mais autêntica persona em carne, osso e ódio.
O mais triste deste massacre(além da morte destes inocentes, obviamente) é sabermos que esta maldade ocorreu no interior sagrado de uma escola – a sala de aula. Um dos espaços, digamos, dos mais notáveis da sociedade, posto que nele é que reside a esperança de um amanhã renovado e diferente, sob a força imorredoura do saber.
No ambiente da sala de aula é que almejamos encontrar um pouco da possibilidade de (re)construção do novo cidadão, como semente para um futuro melhor de igualdade, fraternidade e tolerância. Na escola depositamos todas as nossas mais ingentes esperanças. De maneira que com esta barbaridade, estamos a assistir diante da nossa passividade a destruição quase total dessa esperançosa sementeira.
É, no mínimo inconcebível, que os governos constituídos em todos os níveis não queiram dá um tratamento de qualidade aos que estudam. Aqueles que, uma vez no ambiente escolar deveriam estar sob a inteira proteção, responsabilidade e os cuidados do Estado. Ora, por que as instituições bancárias, as grandes corporações econômico-financeiras, as grandes empresas e até mesmos os belos palácios onde boa parte dos políticos se escondem devem ser guarnecidas como verdadeiras fortalezas e uma escola Não?
Por que em cada escola deste país, não possa ter pelo menos a figura de um profissional de segurança bem treinado para prestar a devida segurança aos nossos educandos e professores? Por que em todo o resto há todo um aparato de segurança disponível(vigilantes, câmaras de segurança, PMs, detector de metais, etc) e nas escolas Não?
Será que a juventude estudantil brasileira, sobre a qual se impõe a responsabilidade pelo futuro da nação e do planeta, valha tão pouco, do que qualquer dinheiro contido nos caixas eletrônicos e/ou trancafiado nos cofres bancários da ciranda financeira? Não. Não podemos aceitar calados todo este disparate... É preciso que o país comece a repensar seus valores, antes que seja demasiado tarde. É urgente, que os estudantes brasileiros, juntamente como todos os profissionais da educação, bem como os formadores de opinião e a sociedade dita organizada possam levantar sua voz contra este absurdo. Porque o tempo urge... E a nossa cidadania nos clama por isso... As vítimas trucidadas do Rio de Janeiro não podem morrer em vão. Pelo menos isso. Do contrário, quantos brasileirinhos ainda haverão de sacrificados tão covardemente para que a nação possa se aperceber de todo o caos que vivenciamos?! No entanto, digamos que o mais incômodo de tudo é não vermos nenhuma luz no fim do túnel, ou seja, a quase total ausência de qualquer perspectiva que nos aponte uma mudança possível.
Portanto, o recrudescimento deste iminente estágio de barbárie social acabará no levando fatalmente a destruição. Uma vez que os aumentos dos atuais índices de violências só tendem a crescer em escala planetária. Por outro lado, as ações que supostamente estão sendo empregadas pelos governos, além de paliativas, ao que tudo indica, parecem não surtir nenhum efeito prático no que tange a questão das soluções possíveis. O cidadão comum, por sua vez, a cada crime e a cada tragédia se mantém ainda mais anestesiado, como que dormindo no seu carcomido berço esplêndido da indiferença.
No entanto, tais ações precisam ser empreendidas de maneira mais coligadas com sociedade, numa lógica inteligente de integração através numa sistemática que também consiga envolver no seu conjunto outros aspectos essenciais da sociedade: tais como melhores investimentos nos indivíduos por meio dos bons serviços em educação, saúde, emprego e renda, além do desenvolvimento de uma política que prime pela consciência cidadã e espiritual dos entes humanos. Tudo com as atenções voltadas para o combate a desigualdade. De onde não se exclui a verdadeira valorização da pessoa humana, na quilo que ela tem demelhor e como essência - a sua dignidade. O que, diga-se de passagem, neste momento, não se constitue como uma tarefa das mais fáceis.
Por isso mesmo, um grande desafio não apenas para as instituições públicas, mas principalmente, para todos os cidadãos que ainda acreditam numa sociedade possível e, por conseqüência, num mundo melhor para todos. Onde quem sabe, não mais exista a figura do espertalhão-explorador sugando as energias e o trabalho dos oprimidos. Onde o abismo entre ricos, pobres e miseráveis possam ser diminuídos drasticamente no sentido de que os conflitos sejam efetivamente substituídos pelo diálogo. E a partir daí, os povos do mundo possam efetivamente conviver doravante movidos pela harmonia, consciência e paz. Pois, caso contrário, a vida no planeta logo logo se fará insustentável.
(*) José Cícero
Secretário de Cultura
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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Um Poema Introspectivo...

QUANDO...


Quando quis ser EU.
Senti que fui outro a contragosto.
Quando quis ser tanto,
nada pude
do pouco que sonhei para mim
e para os outros.
Quando quis
talvez ser algo de importante.
Tudo ficou escuro.
E como de resto em mim
tudo o mais ficou demasiado tarde
para eu querer de novo
ser eu mesmo.
Ou quem sabe, ao menos,
puder chorar por dentro
a desventura de não ter conseguido
ser o que eu quis.
Diante daquilo que eu poderia ter sido.
Agora quando muito,
Afogo-me aos poucos em meus anseios
num sono profundo.
Posto que não tenho mais sonho...
Nem desejo de ser mais nada.
Meu querer é lento.
Meu viver é hoje.
Meu tempo é quando.
E isso é tudo o que quero
e o que penso
de tudo que ainda me resta
e espero para mim mesmo.
.....................

JC-2011