Olho agora esse velho trilho,
cheio de mato, silêncio e abandono.
Caminhos antigos assaz esquecidos.
Como de propósito pelos contemporâneos,
querendo de novo isolar o sertão do mundo.
Linhas do milagre, agora invadidas pelas matas.
Olho para esta estrada de ferro
e os meus olhos se enchem de lembranças e lágrimas.
Dormentes de aroeira carcomidos.
Trilhos e gentes tentando resistir ao descaso,
assim como à memória do esquecimento
e a ingratidão de um passado glorioso.
Antigo vai-e-vem de trens cargueiros
e de feirantes.
Progresso em disparada.
Idas e vindas de imensos comboios
a transportar mercadorias, cangaceiros,
coronéis e outros potentados.
História de um tempo áureo.
Anos idos todos aqueles...
Puro passado em que nossos sonhos
ficaram para sempre congelados.
Velhos trilhos hoje enferrujados.
Utopia de um pretérito
No seu mais completo estado de abandono.
Trilhos da saudade e do esquecimento
engolidos agora aos poucos
pelos cupins do tempo
e pelo mato.
....................
José Cícero
Aurora-CE
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