Nada de novo!
Uma voz me grita pela milionésima vez em meus ouvidos.
- Tudo permanece com sempre foi: - Velho, velho, velho...
Nada flui com o rio.
Nada de novo!
- Ela insiste.
Eu penso até que estou ficando louco.
E no dilema, prossigo ouvindo
dentro do meu cérebro este alerta escroto.
Tudo é arcaico, tacanho, insosso e descabido.
Tudo parece como dantes ou tudo envelheceu de repente?
Nada de novo sob o sol do mundo.
Apenas sinto, que deveras hoje,
tanto a vida quanto à morte
são um 'saco' para se viver tranquilo.
Um risco iminente,
além do absolutamente necessário.
Tudo está envelhecido e tenebroso!
Insiste a voz, quase a romper meus tímpanos.
O mundo agora vestiu por completo a sua roupa triste.
Roubo, mentira e engodo agora é praxe!
Nenhum palhaço dos antigos circos
conseguem mais arrancar sequer um riso tímido
de qualquer rosto.
O mundo todo agora é um baú de ossos
enterrado na cova rasa
de todos os cemitérios abandonados.
Há noite na mente da juventude
e fogo escaldante na alma dos antigos sábios.
Há um silêncio profundo, fúnebre de morte
nos olhos de lágrimas dos gregários.
Qualquer sentimento verdadeiro
somente poderá ser encontrado
nos livros que eles aprisionaram.
Tudo é mecânico e frio.
Tudo é binário por entre a gente.
Sentimento é algo vergonhoso e superado.
E o amor, uma mentira evidente
estampada na cara cínica e suja do mundo.
O gênero humano aprendeu a comer dinheiro.
Na ânsia louca de ser grande e ter poder.
Ninguém mais 'sobreviveu ao formidável' fenômeno
de se encantar com a vida.
Ninguém mais consegue enxergar o óbvio ululante.
A poesia, assim como a arte sucumbiram de vez
à falta de bom senso.
A ignorância venceu a inteligência.
Tudo o mais é cinismo e caos.
Silêncio, solidão e ostracismo.
Estamos ao passo da barbárie.
Apenas o tédio como uma donzela atraente
desfilando capciosa e sexy por nossas portas.
A vida envelheceu num piscar de olhos.
O mundo está sisudo e cansado por tanto crime.
A humana raça é um projeto que faliu faz tempo.
E as pessoas nem se deram conta deste fato.
Todos estão cegos e mudos.
Ocupados demais com seus projetos
e outros interesses triviais.
Miséria e estupidez, via de regra,
agora é lugar-comum dos imbecis
que se dizem ricos e imortais.
Assassinaram a história
para que não houvesse nenhum comparativo.
Ser medíocre é regra de etiqueta.
Tudo o que conta agora é se dá bem
a qualquer custo como a qualquer preço.
Os fins de fato, justificam os meios.
Estamos portanto, no ponto limite
da convivência humana - evidente desastre.
A vida corre risco.
Nenhuma espécie está a salvo
desta catástrofe chamada autodestruição
ou progresso.
Tudo, como de resto é bestial e tem cheiro de morte.
O mundo nunca foi, como nunca poderia ter sido
ante a utopia que se fez pelo lado avesso.
Todos nós somos culpados.
Dá medo e pena da indiferença dos que se acham
grandes e não estão nem aí para tudo isso.
É triste caminhar por um caminho,
quando se sabe que não terá mais volta.
Ainda assim, escuto agora pela bilionésima vez.
A mesma voz que me grita aos ouvidos:
- Cuidado Cícero, cuidado!
A vida corre risco!
E está por um fio a última esperança.
Atordoado pergunto para ela:
- Quem me grita?
E a voz responde: - a tua consciência!
Sofro mais neste instante.
Porque não tenho realmente
o que responder para ela.
..........................
Por José Cícero
Secretário de Cultura e Turismo
Aurora - CE.
In " Miscelânea Poética" inédito 2013
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