quinta-feira, 3 de julho de 2014

INTIMISTA*

Há muito vivo sozinho no oco seco do mundo.
Mas nunca me dei ao castigo de abandonar os meus sonhos
quer sejam novos ou antigos.
Viver assim do meu modo estranho, é um risco.
Porém,  não desisto de seguir lutando.
Porque acredito acima de tudo que isso é certo.
Como ainda no meu destino inexoravelmente justo.
Razão porque luto e sigo ao encontro do meu Eu profundo.
No mais, sempre que preciso ou me encontro em apuros,
traço eu mesmo,  como quero, o meu caminho reto
por entre os perigos, as pedras e os abismos do meu mundo.
Não tenho amigos em que confio, em absoluto.
Tenho, no mais das vezes, cúmplices.
Não me sinto seguro, quando não estou, 
senão na companhia de mim mesmo.
Quando divago, prezo por segurança ou por princípio
apenas em meu espírito. 
Outras vezes, quando muito desconfio do meu alterego.
Eu simplesmente existo do meu jeito único
e isso, suponho, que não é pouco
diante das coisas que me acontecem em contraponto.
Vivo como posso e a duras penas sobrevivo
qual náufrago empedernido em alto mar perdido.
Ou mesmo em terra firme entre selvagens feras e os covardes bichos.
Sem no entanto, precisar se igualar a eles.
Nem fera e nem bicho...
Demasiadamente humano 
assim eu consigo vencer os percalços e os perigos,
além de todas as dificuldades que encontro.
Vivo como posso e assim me dou por satisfeito.
No vão das coisas e sob as cinzas da horas
eu sobrevivo todos os dias quase em apuros..
Tenho sonhos de pedras com as quais edifico minha fortaleza.
O medo que tenho é toda solidão que carrego junto ao peito.
Há quem me ache estranho e anormal por conta disso.
Talvez porque não caibo em todo canto
como tantos vivendo embriagados 
no balcão sujo e gregário do bordel do mundo.
Quero apenas a qualquer preço, ser feliz por inteiro.
O que não quero de nenhum jeito
é viver inutilmente à margem de mim mesmo.
.................
JC - Aurora-CE. (inédito/2014)

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