quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

ENCANTOU-SE DE NÓS, CHICO DE OLY, NOSSO ETERNO CONTADOR DE ESTÓRIAS

Por José Cícero*


Num tempo em que a TV e o cinema eram coisas de ricos foi Chico de Oly(foto) quem nos contava enredos de filmes, histórias e estórias, contos de fadas, coisas de assombração e de alma penada dentre outras narrações mirabolantes, heróicas e fantasmagóricas... Às vezes estorietas que ele mesmo inventava em noites memoráveis nas esquinas das ruas: estreita onde morava, na calçada dos Correios(onde ele ajudava e se dizia funcionário perpétuo), na pracinha da Estação entre a Colines, o Cariri Clube o bar de Mirô, ou mesmo na rua São Francisco anos depois.

Que saudade do velho Chico, nosso herói, quase um dom Quixote – o cavaleiro andante a lutar contra os moinhos de ventos e nós meninos éramos todos os seus Sancho Pança buscando a Dulcinéia comum da vida sob o cavalo da ilusão e da fantasia. Tempos idos quando os meninos ainda eram só meninos.  Numa  Missão Velha quase romântica e provinciana que não existe mais.... Vai em paz mestre Chico;  nosso eterno guri, bom, puro e inocente como todos nós. Um exímio contador de verdadeiros realismos  fantásticos que nos possibilitava viajar muito além do tempo e do espaço em que nos encontrávamos. Tamanha era a qualidade das suas narrativas verbais.  
Eis  o passado que não passa. Ele agora há de está certamente ao lado de Deus a contar suas façanhas mais incríveis.  Narrativas autênticas e  inacreditáveis que nos transportavam para dentro da  estória e, por vezes, era ele o próprio personagem das suas elucubrações e aventuras pra lá de  engenhosas. Contos e invenções que nos fascinavam a ponto de não perdermos uma noite sequer de inesquecíveis contações ruanas. 
Diria que tão mais realistas quanto os filmes daquela época que víamos na TV, trais como o Homem do fundo do mar e de 6 milhões de dólares, Perdidos no espaço, Ri tim-tim, Super Homem, Zorro, Batman e Mulher Maravilha, além de Daktário, Tarzan, Túnel do Tempo, Bonanza, Magayve, inclusive os super heróis das revistinhas em quadrinhos de Tex Willes, Capitão América, Tarzan, W. Disney  ou mesmo os desenhos animados de Hanna Barbera.

Foi um grande contador realmente criativo, cujas narrativas mexiam positivamente com a nossa imaginação de sonhadores meninos. Eram  tantas as estórias, algumas particularmente locais em que ele jurava de pé junto  que havia presenciado(e ai daquele que insinuasse ser mentira) era obrigado a sair do grupo. Narrativas de estórias como a do Goiabão e do padre sem-cabeça do ginásio paroquial. Ainda,  do caminho secreto que só ele sabia... onde era possível se chegar à Cachoeira em apenas 3 minutos. Como ainda, da grande serpente encantada que morava na lendária pedra da Glória que ele dizia ter presenciado tantas vezes nas suas pescarias. Sem esquecer a do pai-da-mata e da caipora que cansava de ver pela caatinga e que sempre os dominava com Fumo e reza.  Sem dúvidas, coisas que ficaram em nós para todo o sempre na nossa memória afetiva de toda aquela meninada que teve a graça de privar da sua  graciosa presença.

Por tudo isso,  posso assegurar que figuras como Chico de Oly não morrem nunca. De modo que, até penso que, talvez cansado demais da mesmice do mundo e do cansaço da vida,  o velho Chico decidiu se encantar de vez, quem sabe,  dentro de uma das suas estórias mais  tocante e  inverossímil.

Decerto, na cauda do pavão misterioso ascendeu aos céus a convite  de Deus. 
Vai em paz grande Chico! O encantador de sonhos e borboletas. Eterno menino-grande que haveremos de lembra e amar para sempre... 
Saudades.
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Prof. José Cícero
Secretário de Cultura e Turismo
Aurora - CE.

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