Com
quantos vaga-lumes será possível
tecer
uma noite clara?
Quem
sabe, uma lua e meia.
Minguante
ou cheia.
Uma
rasga-mortalha desgarrada.
Uma
noite inteira escura ou enluarada.
Uma
coruja solitária.
Uma
chuva fina se precipitando numa poça d’água
Quem
sabe, uma sombra dupla de gente abraçada
namorando
ou se espreguiçando ao longo da antiga estrada.
Uma
silhueta de mulher pelada.
Uma
chama acesa. Uma ardente fogueira.
Uma
viva brasa.
Uma
vontade danada.
Ou
ainda quem sabe,
tudo
o mais que acaso o valha.
Negrume
e vaga-lumes.
Profunda
escuridão sem uma viva alma.
Nada
mais que se diga
ou
que se saiba.
Uma
quentura.
Uma
conversa despudorada.
Um
canto estridente de cigarra.
Uma
noite escura e solitária.
Um
medo de assombração e alma penada.
Uma
aventura extrema.
Um
arranhão por espinho de jurema braba.
Um
frio na barriga.
Um
arrepio de pele.
Uma
carícia de mulher amada.
Uma
utopia desvairada.
Uma
insensatez das trevas.
Uma
idéia vaga.
Vaga-lumes
imitando estrelas,
sonhos
alados de pássaros.
Noite
clara, bichos noturnos.
Desejos
e mistérios
e
mais nada.
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