QUANDO TE VI
NAQUELE DIA
- AMOR...
EU, BEN-TE-VI.
E TU, BEIJA-FLOR.
E NO DIA
EM QUE TU SE FORES.
NADA MAIS EU DIRIA.
- DAS DORES.
EU, SAUDADE
E TU, DISSABORES.
terça-feira, 23 de junho de 2015
terça-feira, 16 de junho de 2015
A Gesta do Tempo...*
Odeio os relógios,
assim como todas as pessoas
que se permitem ser cronometradas pela vida inteira.
Tenho verdadeira ojeriza aos chamados compromissos "britânicos".
Às horas marcadas 'como sem faltas'.
Às coisas inadiáveis roubando da gente o prazer da espontaneidade
e a rara grandeza do encontro fortuito.
Sou por tudo isso inimigo dos relógios
e de todos aqueles que acham normal
viver a vida toda escravizados por esta abstração chamada tempo..
O que eu gosto mesmo, é deste jeito livre, meio passarinho,
meio menino, como vivo por inteiro tudo.
Faço o que quero e acho que sou feliz por conta disso.
Meu tempo é quando. Todo o resto é mistério.
O que aprecio e defendo ante a gestão do tempo
é a liberdade de viver a vida como suponho correto.
Fazendo tudo no tempo devido...
E no momento oportuno dos meus sentimentos.
Gosto de me ser surpreendido.
Por isso digo: 'Quando' é meu tempo.
Tudo o mais que me surpreende é o melhor momento
em que mais me alegro e mais aprendo.
O instante novo e eterno para o meu sonho e pensamento,
Sem relógio!
Assim é que vivo pleno da vida e de mim mesmo.
Tudo o mais que desejo e que acaso preciso,
é segredo.
Eis o jeito que encontrei para dominar a meu favor
este tal de tempo.
E a vida, nunca mais escorrerá à toa pelos meus dedos.
.......................
JC, 2015
foto: da internet
sábado, 23 de maio de 2015
A única falta que me falta*
Agora, só o que não me falta
[é toda a falta,
das coisas supérfluas que não me completam,
além de toda calma e esperança
da paz interior que ora me sobra
e me conforta.
E às vezes, se acaso sinto que algo me falta,
toda a minha falta
[é tosca, é mansa e ilógica.
Decerto, angústia, ânsia da vida,
coisa pouca...
das coisas supérfluas que não me completam,
além de toda calma e esperança
da paz interior que ora me sobra
e me conforta.
E às vezes, se acaso sinto que algo me falta,
toda a minha falta
[é tosca, é mansa e ilógica.
Decerto, angústia, ânsia da vida,
coisa pouca...
que sequer a bílis me provoca,
tampouco o tédio, a raiva e a vontade me alcançam.
Porque, nenhum falta que acaso me toca
não será tanta, que eu não possa
superá-la com humildade e perseverança
diante desta força 'monstra'
contida na minha própria consciência,
lúcida, holística e lógica
e que jamais me cansa.
--------------------------
(JC) Aurora - CE - 2015
tampouco o tédio, a raiva e a vontade me alcançam.
Porque, nenhum falta que acaso me toca
não será tanta, que eu não possa
superá-la com humildade e perseverança
diante desta força 'monstra'
contida na minha própria consciência,
lúcida, holística e lógica
e que jamais me cansa.
--------------------------
(JC) Aurora - CE - 2015
sábado, 9 de maio de 2015
Amai a tua mãe*
Aproveitai
enquanto tens todo o teu ouro.
Porque todo tesouro,
não valerá muito mais
do que todo o bem e todo amor
que tua mãe te faz.
Amai
o tanto que fores capaz.
Porque o tempo e a vida
não hão de te voltar nunca mais.
Aproveitai
enquanto tens a tua mãe.
Amai, amai, amai.
...........................
JC - Aurora/CE. 2015
imagem; Internet
enquanto tens todo o teu ouro.
Porque todo tesouro,
não valerá muito mais
do que todo o bem e todo amor
que tua mãe te faz.
Amai
o tanto que fores capaz.
Porque o tempo e a vida
não hão de te voltar nunca mais.
Aproveitai
enquanto tens a tua mãe.
Amai, amai, amai.
...........................
JC - Aurora/CE. 2015
imagem; Internet
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Indo embora*
Apenas ide
e não mais vide.
E se acaso tu ides
só vides
caso duvides.
Caso ide
ou caso vide,
nem ligue
pois estamos quites.
......................
(jc) 2015
e não mais vide.
E se acaso tu ides
só vides
caso duvides.
Caso ide
ou caso vide,
nem ligue
pois estamos quites.
......................
(jc) 2015
terça-feira, 28 de abril de 2015
FECHAM-SE AS CORTINAS, ABUJAMRA PARTIU...*
Por José Cícero*
(*) José Cícero
Secretário de Cultura e turismo
Aurora - CE.
foto: internet
O pensamento e a arte brasileira ficaram mais pobres a partir da manhã de hoje(28) com a morte de Antonio Abujamra - ator, diretor de teatro, filósofo e apresentador do programa de entrevistas "Povocações" da TV Cultura. De longe o mais interessante programa(senão o único que vale a pena) da TV do Brasil, sobretudo pelo formato simples, inteligente e original. Ao meu juízo, o único que merecia a gastança do nosso tempo em assisti-lo do começo ao fim, malgrado está inserido na grade de programação num horário estranho, ou seja, depois das 22 horas.
Figuras especiais como Abujamra deveriam viver para sempre, tamanho é o bem que prestam à sociedade quando ensinam e ajudam o povo a pensar sobre a vida, o mundo e sobre si mesmo. Portanto, mais do que quaisquer qualitativos pensamental ou artístico, diria que Antonio Abujamra foi um homem de exceção como certa escreveu Nietzsche. Um pensador valente e ousado no sentido mais lato da palavra. Alguém que dedicou parte da sua vida à feitura da arte e o melhoramento do mundo ao disseminar a cultura do conhecimento e educação às pessoas, justamente num meio onde hoje, mais do que nunca, o que prevalece e faz sucesso infelizmente é a mediocridade e o lixo cultural.
Mas nada disso desanimou Abujamra - Ele não temeu seguir o caminho inverso resolvendo dá a sua própria cara à indiferença dos mandões da mídia marrom ao apresentar o seu 'Provocações' - algo realmente novo e pioneiro neste gênero.
Mas nada disso desanimou Abujamra - Ele não temeu seguir o caminho inverso resolvendo dá a sua própria cara à indiferença dos mandões da mídia marrom ao apresentar o seu 'Provocações' - algo realmente novo e pioneiro neste gênero.
E assim conseguiu também ser engraçado sem que fosse preciso perder a ternura ou baixar o nível das discussões. Dotado de um senso de humor refinadíssimo e, apimentado com muita filosofia e poesia, Abujamra com seu estilo único juntou num só espaço: jornalismo cultural, arte, política, literatura, filosofia dentre outros temas essenciais à reflexão e a crítica da sociedade. E assim, conquistou um público cativo e difernciado ao comandar com maestria cerca de 695 edições do programa no decorrer de 14 anos de apresentação. Onde entrevistou grandes personalidades da vida social brasileira, entre as quais muitas gentes do povo que mesmo tendo tanto a dizer, não encontravam espaço nas outras emissoras.
E "O que é a vida?" Era com esta pergunta, aparentemente fácil mas, profundamente metafísica que o ator, diretor e apresentador Antonio Abujamra gostava de encerra o seu "Provocações", cujo último recentemente gravado em SP irá ao ar na noite de hoje(28) no exato dia de sua morte.
"Como é que você gostaria de morrer?", "Quais são seus males?" e "Que
pergunta você gostaria que eu tivesse feito e eu não fiz?" Estas eram algumas
das cartas que o ator e diretor tinha na manga para investigar a
personalidade de seus convidados.
Ainda, no encerramento de cada programa lia sempre um texto belo e sugestivo, no mais das vezes de cunho filosófico ou poemático com a tela cheia com aquele seu olhar carregado de estranhamento e de verdade. O que tornava o programa de fato, uma enorme provocação.
Ainda, no encerramento de cada programa lia sempre um texto belo e sugestivo, no mais das vezes de cunho filosófico ou poemático com a tela cheia com aquele seu olhar carregado de estranhamento e de verdade. O que tornava o programa de fato, uma enorme provocação.
Agora, com a partida inesperada de Abujamra fico me perguntando; o que deve ser mesmo a vida. E penso que a vida é isso: viver abujamramente com intensidade todos os momentos, fazer e doar o melhor de si de modo holístico, filosofar o mais que possível, beber no cálice da arte e não ter muita preocupações comezinhas com a busca da tal felicidade. E, tampouco com o fim ao qual de algum modo estamos destinados.
Sem ele, no mais fica o vazio e o tédio de uma TV ignominiosa que a todo custo tenta mostrar para o povo que o mundo e a vida é tudo aquilo que se enxerga falsamente pela telinha. Mas Abujamra, alertou nos dizendo que não.
Vai em paz mestre Abujamra! Você fez muito mais do que podia no palco cinzento de uma vida madrasta. Fez o necessário, razão porque agora sabemos que a vida realmente precisa a qualquer custo valer a pena.
Não sei se te digo adeus ou até logo. Porque no fundo bem sei que a morte não existe por si mesma... a morte é tão somente uma evolução. Um passo à frente. O despertar para à eternidade.
E se assim o é - Então até breve meu mestre!
______________(*) José Cícero
Secretário de Cultura e turismo
Aurora - CE.
foto: internet
terça-feira, 21 de abril de 2015
UM DEDO A MAIS DE PROSA SOBRE LAMPIÃO*
Muito já se sabe sobre a história de Lampião em seus quase 20 anos de
intensas estripulias pelos sertões de sete estados nordestinos. Porém, ao
contrário daquilo que muitos ainda imaginam, inclusive bons pesquisadores e
outros “escribas livrescos”, há muito
ainda a ser desvendado e escrito acerca da saga lampiônica pelos grotões sertanejos.
Informações fundamentais para que se consiga de uma vez por todas, compreender
tal história e assim, fechar-se o imenso círculo narrativo de toda esta
complexa empreitada de quatro décadas chamada Cangaço.
De longe o mais importante fenômeno social já ocorrido nos sertões
nordestinos e que teve na figura humana e singular de Virgulino Ferreira da
Silva – o Lampião, o seu principal protagonista. Conquanto, quer seja como
herói ou como bandido, o certo é que Lampião representa até os dias atuais um
autêntico divisor de águas no que concerne à história sertaneja. Posto que,
depois dele o sertão nunca mais seria o mesmo.
Neste dualismo existencial, quer seja para o bem ou para o mal, os
feitos produzidos pelo vilabelense rei do cangaço entraram para à história como
algo imorredouro, fornecendo ainda
hoje combustíveis inesgotáveis para
grandes debates e discussões acaloradas. Algo tão comum quando se trata de
grandes personagens da história humana na sua dimensão universal.
O cangaço, portanto, com sua escalada de feitos e violências, a partir
de Lampião ocupou de vez grandes espaços na agenda sociopolítica do litoral,
chamando assim as atenções da opinião pública não somente de dentro do Brasil.
Fazendo com que a sociedade da época começasse a dá-se conta da péssima
situação de miséria, violência, injustiça, e abandono em que se encontrava
submetida populações inteiras dos sertões do Nordeste por anos intermináveis de
sofrimento e abandono. Só a partir de então, diria que efetivamente o sertão
dos esquecidos passou a fazer parte do país dos poderosos. Porém a história dos
oprimidos continuaria a ser escrita/descrita sob a pena dos vencedores.
O autor prof. José Cícero |
O fato é que, Lampião, a um só tempo, foi vítima e também responsável
por parte importante deste verdadeiro estado de barbárie quase absoluta que se
abatera sobre os rincões inóspitos e abandonados do interior do Nordeste pelos
poderes da capital. Razão porque(hoje mais do que nunca) é preciso analisar de
modo objetivo e distanciado de quaisquer ranços de ódio ou de paixões, as
muitas faces e roupagens com que se vestiu o espectro do cangaço em sua dimensão mais realista e mais cruel. Assim como todas as
motivações que se impuseram sobre os povos dos sertões forçando muitas vezes a
ingressarem na vida cangaceira, seja por vingança ou mesmo por pura necessidade
de sobrevivência.
Muitos dos quais como jagunços à serviços dos coronéis seus patrões. Depois,
como integrantes de grupos e subgrupos de temíveis cangaceiros que durante
aqueles anos infestaram a região de uma ponta a outra. No mais das vezes
indivíduos perigosos e sanguinolentos acostumados ao sofrimento de um mundo sem
lei para os quais a única lei que realmente valia era a “lei do cão”, cujo
roubo, a vingança, a morte e o uso da força
eram no senso comum de sua
maioria a expressão mais forte e mais sentida.
Neste aspecto, é possível muito bem se afirmar que a dinâmica do
coronelismo da época que grassava pelos sertões muito pouco se diferençava do
cangaço em seu modus operandi
corporificado por sua sanha absurda de criminalidade, opressão, pilhagem e
injustiça de toda sorte. De modo que, em ambos os casos, foram sempre os
sertanejos mais pobres, suas vítimas em potencial. E neste contexto em que se
precipitaram todos aqueles acontecimentos dantescos, Lampião e sua gente, seriam
apenas mais um, que por vingança, sobrevivência ou manutenção da honra acharam-se
no ‘direito’ de tentar fazer justiça pelas próprias mãos.
Como se percebe, mais uma evidência de que quando o Estado não se impõe
aos homens por um dever de justiça, os homens se voltam contra o Estado como
que pela justiça do dever. E assim, ambos se fazem criminosos, tanto pela
indiferença quanto pela omissão de todos em relação ao bem comum. E nesta
correlação de forças, o povo do sertão foi o grande derrotado.
Por conseguinte, com ou sem a marcante presença de Lampião(um homem que
se fez valente para não sucumbi), os sertões nordestinos nunca foram o tal ‘céu
de brigadeiro’ como se fingia crer a maioria perante a manutenção do status quo dos poderosos em sua aparente tranquilidade bizantina. Assim, de modo
um tanto quanto enviesado e incompreendido, eis que Lampião – o sertanejo, continua
ainda hoje(quem sabe) a pagar sozinho o alto preço de uma injustiça
institucionalizada que se fizera madrasta dos necessitados ao longo de todo
este tempo.
..........................................
(*) José Cícero ______
Professor, Pesquisador, Escritor
e Conselheiro do Cariri Cangaço.
Autor do livro
"LAMPIÃO em Aurora: Anters e Depois de Mossoró"(Inédito)
terça-feira, 24 de março de 2015
CARIRI CANGAÇO: Uma saga de corajosos - Por José Cícero
Caravana do CC 2015 em S. José de Princesa(Patos do Irerê - PB) |
Próximo de completar uma década a invenção do Cariri Cangaço tem se configurado como um importante instrumento de promoção da história e da cultura genuinamente nordestina, ao passo que também apresenta para o resto do Brasil e para o mundo coisas interessantes que só existem por aqui, nos nossos sertões.
Por isso mesmo, presta um imenso serviço à cultura e a história de uma região que, infelizmente, ainda hoje é vista de soslaio pelos chamados poderes do litoral, acostumados demais às mesmices e invencionices dos enlatados alienígenas.
De modo que, mostrar, resgatar, discutir e valorizar as autênticas riquezas dos nossos sertões tem sido a grande marca desta iniciativa pioneira, ousada e corajosa chamada CC que, malgrado a quase total ausência de suporte financeiro, tanto da iniciativa pública quanto privada, vem fazendo e promovendo a nossa história. Ao passo que já se consolida como um dos mais celebrados eventos de cunho cultural e histórico de todo o Nordeste brasileiro. O que, diga-se de passagem, diante de todo este cipoal de dificuldades não é coisa pouca. Portanto, digno de rasgados elogios e de aplausos.
Diria que, algo bastante incomum para uma "instituição" sem fins lucrativos, formada por abnegados e desprendidos amantes e estudiosos da temática do cangaço, como de tudo o mais que diga respeito à história lampiônica e sertaneja tais como Messianismo, religião, coronelismo dentre outras.
Como se percebe, uma verdadeira saga cultural empreendida pelo otimismo de todos quantos se deixam ferroar literalmente pelo marimbondo dos sertões, assim como pela usança do chapéu de couro quebrado e o surrado imborná de antigos jagunços e cangaceiros rasgando as caatingas do mundo. Eis aí os legítimos vaqueiros da história guiados(que são) por este grande timoneiro do bem, chamado Manoel Severo Barbosa. Um homem de pura exceção, cujo apego e a determinação aos estudos relacionados aos sertões tem sido quase uma profissão de fé.
Decerto, está aí a principal razão para o estrondoso sucesso desta confraria de amigos e de irmãos denominada de Cariri Cangaço. Parabéns a todos os seus integrantes, admiradores e conselheiros.
Viva o Cariri Cangaço 2015, viva!
Viva o Cariri Cangaço 2015, viva!
..................................
JC Aurora - CE.
segunda-feira, 2 de março de 2015
MADRUGADA
Reinventei minhas utopias
em meio as tempestades que sempre me seguiam.
Quando na vida eu só dormia
e tudo mais era madrugada,
além da solidão de noites intermináveis
angustiantes, melancólicas e tão frias.
Mas quando finalmente despertei para o dia
vi que surgiam milhões de formigas
nas bocas dos homens que não sonham,
além de milhares de flores coloridas
brotavam do nada como borboletas
a carregar esperanças
nos olhos de sol de todas as crianças.
E foi justamente neste dia
que me senti fazer parte da meninada.
Às 4h ou mais da madrugada
quando eu pensei que morria
sozinho em minha própria companhia.
Vazio imenso em meu ser
foi o que sobrou daquela madrugada,
além do tédio, solidão e mais nada.
...........................
Jc(2015)
em meio as tempestades que sempre me seguiam.
Quando na vida eu só dormia
e tudo mais era madrugada,
além da solidão de noites intermináveis
angustiantes, melancólicas e tão frias.
Mas quando finalmente despertei para o dia
vi que surgiam milhões de formigas
nas bocas dos homens que não sonham,
além de milhares de flores coloridas
brotavam do nada como borboletas
a carregar esperanças
nos olhos de sol de todas as crianças.
E foi justamente neste dia
que me senti fazer parte da meninada.
Às 4h ou mais da madrugada
quando eu pensei que morria
sozinho em minha própria companhia.
Vazio imenso em meu ser
foi o que sobrou daquela madrugada,
além do tédio, solidão e mais nada.
...........................
Jc(2015)
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
ENCANTOU-SE DE NÓS, CHICO DE OLY, NOSSO ETERNO CONTADOR DE ESTÓRIAS
Por José Cícero*
Num tempo em que a TV e o cinema eram coisas de ricos foi Chico de Oly(foto)
quem nos contava enredos de filmes, histórias e estórias, contos de fadas,
coisas de assombração e de alma penada dentre outras narrações mirabolantes, heróicas e
fantasmagóricas... Às vezes estorietas que ele mesmo inventava em noites
memoráveis nas esquinas das ruas: estreita onde morava, na calçada dos Correios(onde ele ajudava e se
dizia funcionário perpétuo), na pracinha da Estação entre a Colines, o Cariri Clube o bar de Mirô, ou mesmo
na rua São Francisco anos depois.
Que saudade do velho Chico, nosso herói, quase um dom Quixote – o
cavaleiro andante a lutar contra os moinhos de ventos e nós meninos éramos
todos os seus Sancho Pança buscando a Dulcinéia comum da vida sob o cavalo da
ilusão e da fantasia. Tempos idos quando os meninos ainda eram só meninos. Numa
Missão Velha quase romântica e provinciana que não existe mais.... Vai em paz mestre Chico; nosso eterno guri, bom, puro e inocente
como todos nós. Um exímio contador de verdadeiros realismos fantásticos que nos possibilitava viajar muito além do tempo e do espaço em que nos encontrávamos. Tamanha era a qualidade das suas narrativas verbais.
Eis o passado que não passa. Ele
agora há de está certamente ao lado de Deus a contar suas façanhas mais
incríveis. Narrativas autênticas e inacreditáveis que nos transportavam para
dentro da estória e, por vezes, era ele o
próprio personagem das suas elucubrações e aventuras pra lá de engenhosas. Contos e invenções que nos
fascinavam a ponto de não perdermos uma noite sequer de inesquecíveis contações ruanas.
Diria que tão
mais realistas quanto os filmes daquela época que víamos na TV, trais como o
Homem do fundo do mar e de 6 milhões de dólares, Perdidos no espaço, Ri tim-tim, Super
Homem, Zorro, Batman e Mulher Maravilha, além de Daktário, Tarzan, Túnel do Tempo, Bonanza,
Magayve, inclusive os super heróis das revistinhas em quadrinhos de Tex Willes, Capitão América, Tarzan, W.
Disney ou mesmo os desenhos animados de
Hanna Barbera.
Foi um grande contador realmente criativo, cujas narrativas mexiam positivamente
com a nossa imaginação de sonhadores meninos. Eram
tantas as estórias, algumas particularmente locais em que ele jurava de
pé junto que havia presenciado(e ai daquele
que insinuasse ser mentira) era obrigado a sair do grupo. Narrativas de
estórias como a do Goiabão e do padre sem-cabeça do ginásio paroquial. Ainda, do caminho secreto que só ele sabia... onde
era possível se chegar à Cachoeira em apenas 3 minutos. Como ainda, da grande
serpente encantada que morava na lendária pedra da Glória que ele dizia ter presenciado tantas vezes nas suas
pescarias. Sem esquecer a do pai-da-mata e da caipora que cansava de ver pela
caatinga e que sempre os dominava com Fumo e reza. Sem dúvidas, coisas que ficaram em nós para todo o
sempre na nossa memória afetiva de toda aquela meninada que teve a graça de privar da sua graciosa presença.
Por tudo isso, posso assegurar
que figuras como Chico de Oly não morrem nunca. De modo que, até penso que, talvez cansado
demais da mesmice do mundo e do cansaço da vida, o velho Chico decidiu se encantar de vez, quem
sabe, dentro de uma das suas estórias
mais tocante e inverossímil.
Decerto, na cauda do pavão misterioso ascendeu aos céus a convite de Deus.
Vai
em paz grande Chico! O encantador de sonhos e borboletas. Eterno menino-grande que haveremos de lembra e amar para sempre...
Saudades.
.............................
Prof. José Cícero
Secretário de Cultura e Turismo
Aurora - CE.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
O que de fato sinto
Só sinto o que de fato vejo
e o que às vezes sinto
nem sempre é o que desejo
ou penso de fato
para os meus inimigos íntimos.
Ou ainda quem sabe,
para mim mesmo.
para os meus inimigos íntimos.
Ou ainda quem sabe,
para mim mesmo.
Eu juro e não minto,
quando de outro jeito
vez por outra me imagino
em meus desvarios, utopias,
pensamentos e devaneios...
em meus desvarios, utopias,
pensamentos e devaneios...
Tudo o mais que sonho
além disso,
eu simplesmente desconheço
porque só sinto
o que deveras creio
em meus sonhos,
em meus sonhos,
além dos meus olhos cansados
de tantos escuros e vaga-lumes.
de tantos escuros e vaga-lumes.
Quer seja por razão ou por instinto
eu acredito,
além do que enxergo
entre pecados, mistérios e segredos.
Eu simplesmente existo,
eu acredito,
além do que enxergo
entre pecados, mistérios e segredos.
Eu simplesmente existo,
diante deste olhar que tenho
um tanto quanto ferrenho
e obsoleto.
Perante as coisas mais críveis
do mundo.
um tanto quanto ferrenho
e obsoleto.
Perante as coisas mais críveis
do mundo.
E a dor que realmente sinto,
às vezes é angústia.
Outras vezes é êxtase e paraíso
que a despeito de tudo
sempre trago comigo
sempre trago comigo
com tal estranhamento
daquilo que me parece impossível
daquilo que me parece impossível
manter em silêncio
dentro do peito.
dentro do peito.
Eu juro, não minto,
seja por qualquer motivo
ou por pretexto.
E tudo o mais que sinto
é tormento. Querer imenso
de quem sonha tanto
disposto a pagar o preço
de pertencer a si mesmo.
disposto a pagar o preço
de pertencer a si mesmo.
Além da vida que vivo
sempre do meu modo descabido,
e tudo o mais que enfim almejo
é mistério e desejo
a fim de puder feliz
do meu jeito único e verdadeiro.
é mistério e desejo
a fim de puder feliz
do meu jeito único e verdadeiro.
No mais, tudo é inanimado.
Puro sentimento sem sentido.
Puro sentimento sem sentido.
Um troço esquisito
de quem vive a vida
e a dor do mundo sozinho.
Quando muito, solitário
na única companhia possível
talvez perdido
à margem de si mesmo.
à margem de si mesmo.
Versos Iniciáticos: Um Livro plural e intimista
Por José Cícero
Muito mais que um bom livro. um livro bom. "Versos Iniciáticos" do amigo Dr. Arimateia Macedo - filho ilustre de Aurora há anos radicado na bela e hospitaleira Gurupi no Estado do Tocantins onde presta serviços na área da medicina.
De leitura fácil e agradável, 'Versos Iniciáticos' reúne num só espaço dois gêneros literários, quer seja: poesia popular e moderna.
Um livro substancialmente intimista em que é possível notar em todas as suas 100 páginas um pouco da experiência de vida do seu autor, remetendo seus leitores as suas vivências bucólicas vividas intensamente no sítio Cabrito na região do Pavão d'aurora, bem como aos seus anos de adolescência urbana e estudantil. E ainda mais recentemente das suas valorosas impressões de vida. Uma obra um tanto quanto memorialista capaz de agradar gregos e troianos pela versatilidade empreendida pelo seu autor. Uma obra portanto, que nos remete a uma verdadeira viagem no tempo através de um mergulho literal nas lembranças, saudades e reminiscências de tempos idos.
Razão porque recomendo sua leitura, o que aliás, tive a honra de lê-lo em primeira-mão, mesmo antes do prelo, posto que à convite também escrevi a sua apresentação de orelha.
Parabéns vate Arimatéia Macedo, nosso poeta-doutor, por mais esta feliz empreitado poética.
Parabéns vate Arimatéia Macedo, nosso poeta-doutor, por mais esta feliz empreitado poética.
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Da Redação do Blog da Aurora
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
MADRUGADA
Tudo está escuro agora em demasia.
Dentro dos teus olhos
ainda é muito cedo.
Outra vez a noite
não se rendeu ao dia.
E a lua branca que dormiu contigo
em meio a fadiga da vida
está a tremer de frio entre teus dedos
sonhando a qualquer custo o paraíso.
Enquanto isso,
há um silêncio imenso no mundo.
E nos teus lábios,
um indizível desejo.
Tudo o mais está escuro e solitário.
Além do teu mistério inconcebível.
E a madrugada que dormiu contigo
saiu pelada pelos caminhos
alegre e sorrindo
na ânsia de encontrar a luz do solstício.
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jc/Aurora-CE.
Dentro dos teus olhos
ainda é muito cedo.
Outra vez a noite
não se rendeu ao dia.
E a lua branca que dormiu contigo
em meio a fadiga da vida
está a tremer de frio entre teus dedos
sonhando a qualquer custo o paraíso.
Enquanto isso,
há um silêncio imenso no mundo.
E nos teus lábios,
um indizível desejo.
Tudo o mais está escuro e solitário.
Além do teu mistério inconcebível.
E a madrugada que dormiu contigo
saiu pelada pelos caminhos
alegre e sorrindo
na ânsia de encontrar a luz do solstício.
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jc/Aurora-CE.
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