segunda-feira, 3 de março de 2014
EM PEDRA*
Nunca me cansei de pensar e contemplar por horas,
a metafísica surreal das pedras,
além do imenso mistério contido na dureza
e na delicadeza insólita
das suas bárbaras formas geométricas.
Sempre me encantei diante da suavidade rude
e da paciência quase budista de todas as pedras.
Como igualmente, aprendi sob o silêncio gritante e existencial
que todas as pedras do mundo encerram.
Jamais me cansei de refletir, conversar e me abstrair com todas elas.
De indagá-las sobre o imponderável
de tudo aquilo que pela vida nos cerca.
De falá-las acerca das coisas mais prosaicas e mais complexas.
Do transcendentalismo do mundo e da própria vida.
Da filosofia incompreendida que nos toca,
bem como da exiguidade do tempo e do eterno devir que me sufoca.
Do conceito estranho da tal física quântica,
da estética da arte e da poesia métrica e moderna.
Do espírito humano e da finitude de toda matéria.
Porque no fundo eu sei, que a ninguém é dado o poder de aprender
sem que antes tenha que compreender
a essencial pedagogia que possui a pedra.
Como ninguém pode ser sábio,
sem antes conseguir absorver
a superlativa linguagem que possuem as pedras.
Sim, porque toda pedra constitui uma história.
A mais pura geologia de toda lógica
e da razão pura e prática.
A verdadeira história da vida e da Terra
encontra-se escrita sobre esta mundana e extraterrena rocha.
Sobre a superfície material de todas as pedras.
De tal maneira que sempre me eduquei
e me tornei humanamente animal
através dos diálogos que entabulei com todas as pedras
que um dia encontrei pela vida.
Sou simplesmente de pedra.
Como de pedra é meu sentimento e minha vida.
.................
* José Cícero (inédito-2014)
Aurora - CE.
Foto: Massalina do Rio Salgado(sítio Volta-Aurora).
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