quarta-feira, 26 de março de 2014
ÓBICE TÃO SOMENTE...*
Óbice.
Nada que acaso sacie
[ ou mate
a voraz necessidade
[ ou a fome
da própria morte,
perseguindo a vida
do próprio homem.
Quer seja por azar
[ou por sorte.
Tanto no palácio
na favela, no gueto
[ou na necrópole
do mar de lama
em que se transformou
[aos poucos,
e para todo o sempre
a metrópole.
Óbice.
Nada mais que o valha
[sequer o nome.
Ou ainda quem sabe,
um Pai-Nosso,
um discurso vazio
e mentiroso.
[Um ato falho.
Uma ave-maria
como se fosse milho
jogado aos pombos.
[Um conselho.
Um defunto insepulto.
Um peso morto
a carregar pelo mundo
seu baú de osso.
Óbice.
Nada mais que se diga
[aos moucos.
Um silêncio aos gritos.
Uma sentença
[de granito.
Boa vida
ou má sorte.
Óbice, óbice, óbice...
nada mais que nos surpreenda
[ou que acaso mate,
sacie ou devore
a fome que temos
e nos devoramos.
Quer seja na vida
[ou no exato instante
da nossa morte.
........................
(*) JC - Aurora - CE.
foto>JC
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