sábado, 26 de fevereiro de 2011

Àrvore da Vida...


Olhando para esta carnaúba
solitariamente esquecida e abandonada
na relva rasa da caatinga.
Foi como se também eu olhasse
para mim mesmo de um outro ângulo,
de um modo diferente.
E visse, finalmente, ali mesmo
à beira daquela estrada
todo o meu ser por dentro.
Fiquei triste
quando me vi profundamente.
Enchi-me de angústias e medo.
Eu chorei...
Quando olhei para esta carnaúba
Solitária e me me avistei.
Como alguém correndo risco
mas que resiste,
lutando pela sobrevivência.
Agarrando-se à vida
com unhas e dentes,
fundas raízes.
Olhei para esta carnaúba
e vi-me refletido por completo através dela.
Em silêncio, junto a seus pés
indaguei os céus:
- Onde foi parar todo o
resto daquela família?
Quantas carnaúbas já foram destruídas?
Quem, por acaso, plantou todas elas?
Quantas ainda existem nesta Terra?
Morreram para dá vida aos homens?
Foram vítimas de suicídio coletivo?
Serviram de abrigo.
Afugentaram o frio.
Transformaram-se em matéria-prima,
linhas de cumeeiras.
Telhados, fogo de brasa
Portas, paredes.
Cercados, Bancos de alpendre.
Morão de curral, pau de bandeira.
Tamburetes, tábuas de mesas.
Caixão de defunto...
E junto com o homem
seu próprio carrasco,
foi ela igualmente
para o seio da terra.
Esta carnaúba, meu Deus!
É como se fosse
a nossa própria vida
que ora sucumbe
e aos poucos,
de extinção.
também corre risco.
___
Autor: José Cícero
Secretário de Cultura
Aurora-CE.
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FOTO: Feita por JC às margens da estrada(Rod.Pe.Cícero) em Caririaçu. 02/2011

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