Por José Cícero___
Manoel Correia do Tipi:
Um matuto de visão, rico e pioneiro
Num tempo em que transmissão radiofônica e energia elétrica não passavam de estória de trancoso ele já possuía seu rádio, o pioneiro de Aurora e uns dos primeiros do Cariri. Ouvia a rádio nacional e a estréia da Voz do Brasil, bem como do noticiário da BBC de Londres para os países de língua portuguesa. Todavia, para alimentar seu aparelho e iluminar a sua residência teve que adquirir um pequeno gerador movido a querosene.
Quando nos sertões quase ninguém sabia de fato o que era um automóvel ele já possuía o seu – Um Ford encapotado ano 1921. Uma maravilha da tecnologia para os padrões da época. E como não havia estrada para seu veículo teve que abri-la por conta própria. Numa picada dentro da mata de quase 6 km. Uma estrada ligando sua fazenda até a principal, isto é, a rodovia carroçável, hoje denominada de BR-116 próxima a fronteira com a Paraíba.
Era um homem ousado, quase sem nenhuma instrução, mas de uma visão bastante aguçada para um tempo em que, muitas vezes, qualquer inovação científica e tecnológica era tida como obra do ‘demo’.
Seu nome: Manoel Correia do Tipi. Um homem de ‘recurso’ como ainda hoje o dizem por estas bandas. Proprietário de muitas terras e um sem-número de cabeças de gado. Dono de engenho, produtor de algodão e criador dos melhores cavalos de campo de toda região, cuja fama conseguiu chegar longe. Muito além das reais fronteiras de Aurora e do Cariri. Foi ele, na expressão mais lídima do termo, "um homem de recursos e muitas posses".
Quarteirões inteiros de casas e prédios comerciais em Cajazeiras - PB pertenciam a Manoel Correia da Aurora. Muitos deles em espaços nobres, como o que agora pertence ao renomado empresário José Cavalcanti Primo. Sua propriedade do Tipi totalizava 500 braças de largura com uma légua e meia de fundo. Quase tudo ao seu redor era sinônimo de riqueza e de fartura.
Era quase impossível saber-se a quantidade exata de gado que ele possuía. Conta-se inclusive, que um certo vaqueiro saindo de Aurora para buscar animais perdidos pela caatinga, tenha avistado gado com a marca(ferro) de Manoel Correia até atingir os limites da serra da Várzea Grande além dos limites aurorenses.
Naqueles anos praticamente não havia cercas entre as propriedades. Tudo naquele tempo era como se fosse uma “manga só”.
Tinha também suas manias. Foi um apostador contumaz do jogo do bicho. Recebendo por conta disso em Cajazeiras, a alcunha de “Mané Piru”. Também pelo fato de ter “quebrado” por três vezes o cambista, ou seja, o dono do jogo na cidade paraibana, sempre apostando por anos a fio no piru.
Possuía 25 cavalos de campo, puro-sangue escolhidos, que ele tratava como verdadeiras relíquias. Todos chamados carinhosamente pelo nome: Relâmpago, Planeta, Facão sem cabo, Ventania, Juriti, Xexéu, Luzitão, Piaba, Marinheiro, Lampião, dentre outros.
O cavalo Relâmpago, por exemplo, montado por um empregado de confiança: Mané Pedro das Braúnas, todo final de tarde tirava num só galope em uma hora e meia do Tipi à Cajazeiras. Ocasião em que eram feitas suas apostas diárias no jogo do bicho, que, aliás, se encerravam às 18 h. Contam que, mesmo saindo nunca antes das quatro horas da tarde, Manoel Correia nunca ficou sem fazer uma aposta.
A grandiosidade da sua produção agrícola também o fez famoso por todos os quadrantes do Ceará e da Paraíba. Quer seja na plantação de milho, cana de açúcar, algodão e feijão como na produção de rapadura, queijo, leite e no criatório de gado bovino.
Certa feita, num dos seus passeios matinais o seu automóvel faltou freio e mergulhara dentro do açude. Sendo preciso o auxilio providencial da junta de bois que foi deslocada do engenho para tirá-lo do manancial.
Mineiro, Ramalhete, Bandeirante, Moreno e Luzitão eram alguns dos nomes dos seus famosos bois de força que trabalhavam no bangüê.
Um fato curioso está relacionado a tais bois e diz o seguinte: de tão acostumados com a lida diária, a primeira junta de bois(quatro animais) que pegava no eito do engenho às 2h da manhã, quando os primeiro raios de sol começavam a surgir no horizonte por volta das 5 h, eles paravam abruptamente. Sem nenhuma explicação. Não trabalhavam mais um só minuto. Ficavam como que acuados por algum motivo. Esperando que lhes tirassem a canga do pescoço. Não se sabe ainda hoje ao certo como aqueles animais do Tipi conseguiam precisar com tamanha exatidão o horário final da sua labuta. Pois até mesmo em tempos de chuva, eles não erravam nunca...
No cavalo mais formoso e mais baixeiro que já se viu passar pelas terras aurorenses, apelidado de Relâmpago, o velho Manoel Correia ia todos os domingos de manhazinhas assistir na cidade a missa na matriz de Aurora oficiada pelo vigário, padre Vicente Augusto Bezerra.
Mais uma história que escrevo, porque ouvir falar...
Quando nos sertões quase ninguém sabia de fato o que era um automóvel ele já possuía o seu – Um Ford encapotado ano 1921. Uma maravilha da tecnologia para os padrões da época. E como não havia estrada para seu veículo teve que abri-la por conta própria. Numa picada dentro da mata de quase 6 km. Uma estrada ligando sua fazenda até a principal, isto é, a rodovia carroçável, hoje denominada de BR-116 próxima a fronteira com a Paraíba.
Era um homem ousado, quase sem nenhuma instrução, mas de uma visão bastante aguçada para um tempo em que, muitas vezes, qualquer inovação científica e tecnológica era tida como obra do ‘demo’.
Seu nome: Manoel Correia do Tipi. Um homem de ‘recurso’ como ainda hoje o dizem por estas bandas. Proprietário de muitas terras e um sem-número de cabeças de gado. Dono de engenho, produtor de algodão e criador dos melhores cavalos de campo de toda região, cuja fama conseguiu chegar longe. Muito além das reais fronteiras de Aurora e do Cariri. Foi ele, na expressão mais lídima do termo, "um homem de recursos e muitas posses".
Quarteirões inteiros de casas e prédios comerciais em Cajazeiras - PB pertenciam a Manoel Correia da Aurora. Muitos deles em espaços nobres, como o que agora pertence ao renomado empresário José Cavalcanti Primo. Sua propriedade do Tipi totalizava 500 braças de largura com uma légua e meia de fundo. Quase tudo ao seu redor era sinônimo de riqueza e de fartura.
Era quase impossível saber-se a quantidade exata de gado que ele possuía. Conta-se inclusive, que um certo vaqueiro saindo de Aurora para buscar animais perdidos pela caatinga, tenha avistado gado com a marca(ferro) de Manoel Correia até atingir os limites da serra da Várzea Grande além dos limites aurorenses.
Naqueles anos praticamente não havia cercas entre as propriedades. Tudo naquele tempo era como se fosse uma “manga só”.
Tinha também suas manias. Foi um apostador contumaz do jogo do bicho. Recebendo por conta disso em Cajazeiras, a alcunha de “Mané Piru”. Também pelo fato de ter “quebrado” por três vezes o cambista, ou seja, o dono do jogo na cidade paraibana, sempre apostando por anos a fio no piru.
Possuía 25 cavalos de campo, puro-sangue escolhidos, que ele tratava como verdadeiras relíquias. Todos chamados carinhosamente pelo nome: Relâmpago, Planeta, Facão sem cabo, Ventania, Juriti, Xexéu, Luzitão, Piaba, Marinheiro, Lampião, dentre outros.
O cavalo Relâmpago, por exemplo, montado por um empregado de confiança: Mané Pedro das Braúnas, todo final de tarde tirava num só galope em uma hora e meia do Tipi à Cajazeiras. Ocasião em que eram feitas suas apostas diárias no jogo do bicho, que, aliás, se encerravam às 18 h. Contam que, mesmo saindo nunca antes das quatro horas da tarde, Manoel Correia nunca ficou sem fazer uma aposta.
A grandiosidade da sua produção agrícola também o fez famoso por todos os quadrantes do Ceará e da Paraíba. Quer seja na plantação de milho, cana de açúcar, algodão e feijão como na produção de rapadura, queijo, leite e no criatório de gado bovino.
Certa feita, num dos seus passeios matinais o seu automóvel faltou freio e mergulhara dentro do açude. Sendo preciso o auxilio providencial da junta de bois que foi deslocada do engenho para tirá-lo do manancial.
Mineiro, Ramalhete, Bandeirante, Moreno e Luzitão eram alguns dos nomes dos seus famosos bois de força que trabalhavam no bangüê.
Um fato curioso está relacionado a tais bois e diz o seguinte: de tão acostumados com a lida diária, a primeira junta de bois(quatro animais) que pegava no eito do engenho às 2h da manhã, quando os primeiro raios de sol começavam a surgir no horizonte por volta das 5 h, eles paravam abruptamente. Sem nenhuma explicação. Não trabalhavam mais um só minuto. Ficavam como que acuados por algum motivo. Esperando que lhes tirassem a canga do pescoço. Não se sabe ainda hoje ao certo como aqueles animais do Tipi conseguiam precisar com tamanha exatidão o horário final da sua labuta. Pois até mesmo em tempos de chuva, eles não erravam nunca...
No cavalo mais formoso e mais baixeiro que já se viu passar pelas terras aurorenses, apelidado de Relâmpago, o velho Manoel Correia ia todos os domingos de manhazinhas assistir na cidade a missa na matriz de Aurora oficiada pelo vigário, padre Vicente Augusto Bezerra.
Mais uma história que escrevo, porque ouvir falar...
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(*) José Cícero
Secretário de Cultura
de Aurora-CE.
In Histórias que ouvi contar(Inédito-2011)
Foto ilustrativa - Sr. Dorgival Neto de Manuel Correia
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