terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Tempo*

Tempo,
tempo,
tempo.
Demoníaco relógio
dos acontecimentos.
Monstro famélico
vagando ensandecido
pelas nossas costas.
Dragão dos infernos.
Bicho selvagem
endiabrado,
dia e noite
nos perseguindo
e a nos consumir,
tanto por fora
quanto por dentro.
Tempo,
tempo,
tempo.
Química ferrugem
de tudo que existe.
Potassa dos anos
a corroer como vermes
toda a jovialidade
do nosso semblante.
Tempo,
tempo,
tempo.
Eterno fantasma
que mantemos
intacto.
Escondido em casa
como um cálice bento.
Tempo.
Como de resto:
- Agiota maldito,
manietando a vida.
Quasímodo sanguinolento
e inexorável.
Roubando-nos tudo,
a todo instante.
assim como;
a força e a elegância
da nossa juventude.
Tempo,
tempo,
tempo.
Desafio estrambótico.

Lâmina afiada da desesperança.

Fio da navalha
que nos corta a carne.
Nada que nos engane.
Ou qualquer coisa a mais
Que acaso o valha.
___________

Autor: José Cícero
Aurora-CE.
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