quinta-feira, 23 de junho de 2011

O belo espetáculo floral dos Ipês roxos de Milagres e adjacências...

Um espetáculo da natureza a nos encher os olhos de beleza, assim como o espírito de admiração e maravilha. Coisas que, infelizmente ao que parece apenas os insensíveis não conseguem enxergá-las em toda a sua compleição panorâmica, pois são cegos, todos eles, dos olhos da alma.
Uma verdadeira dádiva da natureza adornando o olhar turvo dos inconscientes. Dos que ainda continuam sob a força bruta do machado e o fogo ardente da consciência desmatando e devastando este milagre - expresso na floração surreal do Cariri cearense. Puro instante de encantamento para os que são tocados pela contemplação de toda a exuberância daquele fragmento da natureza planetária.
Assim são as matas milagrenses que se estendem por boa parte da BR-116 daquele município, a partir do sopé da serra do Barro até próximo a entrada da cidade. Um belo colorido a se espalhar pela caatinga caririense como um quadro magistralmente pintado por um Monet um tanto quanto universal e provinciano.
Flores silvestres de um vermelho-róseo a se pendurar por sobre os galhos dos imensos pés de Ipê roxos... Tantos a se perder de vista. Um cenário tão inusitado, que de longe, nos dá a ligeira impressão de uma indescritível aquarela, salpicando de carmim as grandes árvores daquele bioma. Como se estas estivessem todas cobertas de algodão doce.
Belas matas de um Milagres ainda verdejante. Rica flora que nesta época parecem celebrar de fato, um grande milagre a se repetir a cada ano nas florações iluminadas daqueles Ipês coloridos e valentes ao passo que resistem e desafiam a ignorância dos homens de todos os cegos do mundo.
Belos e incomensuráveis Ipês roxos; uma espécie (quase) endêmica da região. Uma maravilha quase indescritível. Um esplêndor de cores a encher de graça e alegria os ecossitemas do nosso Cariri viçoso. Uma obra-prima que nos deixa literalmente sem palavras. Um encantamento natural da nossa caatinga. Uma poesia silenciosa que lemos com os olhos da alma e do coração, na qual mergulhamos os nossos sentimentos mais sentidos. Um lenitivo sensorial para acalmar o cansaço dos viajantes. Um refrigério para aplacar o cansaço dos eternos peregrinos do mundo.
Uma visão do mais autêntico ecossistema a nos acompanhar pelos dois lados em toda a extensão da estrada. Colorido contrastando com o verde cinza das matas e o escuro quente do asfalto enfadonho.
Os Ipês do Milagres são uma dádiva dos céus a nos encher os olhos de entusiasmo e deslumbramento. Um sentimento que quase não se explica com palavras...
Vendo as flores daqueles Ipês fico a imaginar como são maus e ignorantes os homens. Como estes têm coragem de continuar com este crime de matar a mata. De derrubar os Ipês tão belos. De pôr fogo neste cenário de Deus, postos no mundo graciosamente para alegrar a nossa vida e amainar os nossos sofrimentos... Em troca de quase nada.
Como conseguem ser tão insensíveis ao ponto de promover tamanha maldade contra estes nossos companheiros de caminhada?.. Como não conseguem saber que agindo assim, estão por meios dos seus atos absurdos, matando o futuro dos seus filhos e de geração inteiras. Por que não aprendem com os Ipês como serem felizes, abrindo um sorriso franco e verdadeiro para o mundo. Com total desprendimento e sem pedir nada em troca?
Como alguém pode passar tão indiferente a todo aqueles extraordinário colorido dos Ipês do Milagres? Penso que, quem não consegue enxergar os Ipês do Milagres são, por assim dizer, os cegos de espíritos. Os pesos mortos da vida. Os cegos de guia do mundo. Quem sabe os vendilhões do templo pós-moderno da natureza. Os descompromissados com a posteridade...
E pensar que um dia as matas de Milagres com seus Ipês roxos se encontravam com a de Aurora com os Ipês amarelos, duas espécies que agora estão correndo sério risco de extinção. Pensar que um dia o Brasil e o mundo eram cobertos com aquele verde e uma multidão de cores a enfeitar os matos e os bichos... Depois veio o homem e tudo começou a ficar feio e diferente.
Gozado é saber que as nossas cidades estão cheias de espécies alheias a nossa flora e nossa fauna. Algumas oriundas de lugares os mais distantes do planeta: O Nym Indiano, outros da Bolívia e por aí vai... Espécies(na maioria) invasoras que com o tempo farão um desmedido mal ao nosso bioma com sua fauna e flora. Por que, as cidades, sobretudo do Nordeste não se arborizam com espécies nativas plenamente adaptáveis ao nosso clima? Por que nem nas ruas de Milagres, podemos encontrar um Ipê roxo ou amarelo(Pau d’arco) mesmo havendo tanto nas suas matas?
A arborização com espécies nativas da região traria diversas vantagens, dentre as quais, a salvação da extinção das nossas árvores. Para se ter uma idéia dentre os benefícios do Ipê, não está apenas a beleza da sua floração estonteante. Mas o seu efeito, fitoterápico; ações curativas, efeitos analgésicos e cicatrizantes, além e de um combate efetivo às células cancerígenas do corpo.
O abandono das nossas espécies (como ora está a ocorrer) só pode ter tem um nome: Ignorância cavalar. Contudo, digamos viva em defesa do nosso Ipê roxo e amarelo. Digamos viva a todas as nossas espécies nativas do Cariri e do Nordeste. Vivemos por ela. Dependemos delas...
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Por José Cícero

sábado, 18 de junho de 2011

Meu último instante...

Morri agora mesmo.
Um colapso!
Não sei ao certo.
Nada mais me interessa
Neste instante derradeiro.
Nada de receituário
Ou diagnóstico médico
Estou vazio de tudo
E de mim mesmo.
Nada mais eu quero

Como nada quis de fato
A vida inteira.
Apenas vivê-la
O quanto pude
Desmedidamente
E com tal intensidade.
Que agora estou leve
Sem seu insuportável peso
Sobre meus ombros cansados.
Morri.
Nada sei do que acaso me espera
Do outro lado da fronteira.
Se outra vida suprafísica
Ou o nada absoluto
dos agnósticos.
Puro pó da terra.
Húmus, adubo biogeoquímico.
Imensa dúvida que carrego.
Um vazio.
Um lenitivo.
Quisera um refrigério.
Nada sei ao certo
Do futuro da existência
Do além-túmulo.
Estou vazio de tudo,
E de mim mesmo.
Do sofrimento da vida
e da covardia das pessoas.

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Jc in Minhas Metáforas prediletas(Inédidtas 2011)

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domingo, 12 de junho de 2011

Dia dos Namorados: Um Poema aos enamorados da Terra

Aos Namorados enamorados do Planeta...

Que os namorados do planeta
se enamorem.
Tanto,
e eternamente.
Até que o mundo
em sua juventude
e rebeldia
se encante,
mutuamente.
Embriagado
de paixão,
beijos e utopias.
Que os namorados da Terra
celebrem este dia
como nunca.
E a vida por completa
desde então,
se transforme de vez
numa canção.
Como uma oração
de amor profundo
e infinito.
E o futuro possa se assegurar
de conquistas sentimentais
e de grandes novidades...

Como manhãs ensolaradas
surgindo do nada
nos rostos das crianças.
E a partir deste instante
nasça para sempre
no coração de cada pessoa,
a rosa eterna
e imorredoura do amor.
Da compreensão
e da felicidade coletiva.
Vivamos então,
todos os namorados
verdadeiramentes
enamorados do planeta.

..............
José Cícero
In "Versos Dispersos"(inédito 2011)

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Foto: da Internet

sexta-feira, 10 de junho de 2011

POESIA: O Pescador de Sonhos*

O PESCADOR DE SONHOS...

A memória de Seu Quilô

Vai, velho pescador
de sonhos e utopias.
Travar o bom combate
do teu dia-a-dia.
Romper sem medo
com seus passos
os caminhos íngremes e escuros
de todas estas madrugadas
sonolentase frias,
que há muito caíram
sobre a tu vida.
A se perder de vistas
por entre as matas.

Vai, pescador.
Herói do Jaguaribe
e do meu Salgado.
Enches teu cesto de pescado
e a tua lida de metáforas
e outras valentias.
Segue teu destino,
pescador amigo
da minha Aurora-passado.
E com teu anzol na vara...
Vara,
esta madrugada
à nado.
Com teus braços fortes
fé nos olhos,
mãos e dedos
...
Ergues teu orgulho ribeirinho.
Misturando-se de vez
às doces águas
deste grande rio
de uma saudade chamada: Salgado.

E em seguida,
como um menino danado,
lanças de novo ao mundo

a tua rede.
Gritando alto em teu silêncio
que acreditas
e jamais sentes medo.
* José Cícero -
In Minhas Metáforas Prediletas(2011 inédito).

Foto/imagem: fotolog.com
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