domingo, 19 de maio de 2019

O Novo madeiro que ainda pesa sobre o Nazareno*


Ainda hoje continua sofrendo no meio de nós - o Nazareno.
Contudo, ele se mantém calado, como dantes, profundamente resignado.
E a duras penas vai aos poucos subindo o íngreme monte
onde será novamente pelo sistema sacrificado
agora, pelos ditos homens modernos e sem pecados.
Porém, ele segue firme e determinado rumando o exício
com seus lentos passos.
Cumprindo à risca o que não estava escrito.
Penosamente a carregar sobre os ombros, o madeiro.
Ninguém a chorar sua dor nem os seus tormentos...
E nós, os racionais puritanos do mundo continuamos a chicotear 
sem piedade e sem motivo o Nazareno.
Porque no fundo, perante este sacrifício repetitivo e continuado
toda a humanidade se irmana em conluio, a imitar Pilatos
lavando as mãos no inocente sangue sagrado.
Rezando alto suas oblações, litanias, orações e mistérios,
mas nem de longe enxergando,
sequer um pingo da estupidez do pecado.
E desse modo esquisito, o peso do tal madeiro do bom Nazareno
há de recair, igualmente, sobre os ombros de nós mesmos.
Tudo o que nos sobra neste instante doído, além do remorso e do medo. 
É a indulgência que ainda reside nos discursos floridos e disfarçados,
daqueles que nos dizem ser, os verdadeiros representantes do velho Cristo.
Sempre quando nos promete, pelo menos,
para aplacar nossos sofrimentos,
um pouco do perdão alcantilado e já esquecido...
Além de um enorme pedaço do tal paraíso.
<> 
José Cícero
Imagem. Internet

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