sábado, 15 de setembro de 2018

A Natureza no Chão

Agora, invés de caatinga tem-se casas;
urbanização tacanha de tijolos, ferro, cimento e argamassa.
Quando não, pastagens de capim para as muitas vacas,
estradas de pedra,  asfalta e piçarra
para servir aos automóveis e as motocicletas.
E os antigos pés de Juá, Aroeira, Inharé e Jatobá
cederam à força seu lugar, às carvoeiras da terra.
Além do pé de Coité, de Baraúna, Cedro e Trapiá.
Timbaúba, Imburana, Ipê, Pau-ferro e Jacarandá
que perderam a sangrenta batalha pela vida,
sob a violência cavalar da motosserra.
E assim, onde um dia existiam mata e cana
há agora, estrada longa e um imensa capoeira
onde a fera desta destruição tirana
feriu de morte e de vergonha a natureza inteira.
Portanto, invés das antigas moitas de Mororó,
Melão de São Caetano, de Unha de Gato e Imburanas
agora existe plantações inteiras de banana.
- Monocultura contrária
à ordem natural das coisas e da natureza.
E esse tal de IBAMA, que tanto dorme quanto ronca
cedeu à cegueira infame de uma política feia e tonta
que aos ecossistemas e aos biomas
há muito declarou guerra.
Eis que a derrubada de todas as matas
secara os olhos d'água, os riachos, os brejos de frutas e cana.
A cachoeira do rio, além da "levada" das piabas
que descia lá da grande serra,
para alimentar de fertilidade, de fartura e de bonança
os baixios, o coqueiral, os engenhos, os pés de manga
dando de beber às cacimbas, gentes e bichos.
Esfriando os ventos sob as copas dos arvoredos
e limpando os terreiros e as águas das chuvas e do chão
que corriam no riachão
e sob o seio e o útero da mãe Terra.
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José Cícero
Aurora - CE.