quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Poema para minha morte

 ... E quando eu morrer...

Se acaso eu pedir para os covardes e meus inimigos íntimos
não forem ao meu enterro.
Sei que sobrarão tão poucos para o meu pobre féretro
que é bem capaz de não haver quórum
para enterrar o meu baú de ossos.
Ninguém mais para carregar meu caixão funerário.
Mas, que assim o seja. Eis o meu desejo.
Pois  desde muito sou contrário,
a este encontro nauseabundo, ritualístico e incômodo.
Onde muitos hipócritas, cínicos e otários se reúnem
para ensaiar falsos sentimentos e ruminar seus atos 
num ambiente à guisa de  teatro.
Porém, se querem mesmo, ainda assim,
fingidamente demonstrar remorso.
Ou qualquer outra forma de piedade...
Que não seja por mim, por que não preciso,
mas por si mesmos.
Posto que eles próprios há muito que morreram
e se mantêm salgados pelos crimes e pelo ódio.
Não havendo ninguém que  de fato
queiram ir aos seus enterros.
Mortos-vivos são todos... Pobres coitados!
Cadáveres podres e insepultos gastando em vão
todo o perfume do mundo.
Covardes, oportunistas, mentirosos e vagabundos.
Cupins humanos, devorando a vida,
Além de destruir e envergonhar todo o resto.
E se ainda assim,
teimarem em ir ao meu enterro,
saibam que lá estarei um tanto altivo
rindo às pampas da cara de todos eles.
Porque eles é que estão mortos.
Eu apenas evolui para renascer de novo.
Além do mais, permaneço eterno
nas figuras dos meus filhos. 
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José Cícero (inédito-2013)
Aurora - CE.
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Foto:  http://primosjogadores.wordpress.com
www.blogdaaurorajc.blogspot.com

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Isaías Arruda e Marica Macedo são temas do Cariri Cangaço 2013

O célebre atentado contra Isaías Arruda na estação do trem de Aurora - 

Por José Cícero


Cel. Isaías Arruda - filho de Aurora ex-pref. de M. Velha
Estação de Aurora, aqui tombou Isaías Arruda em 1928

A tarde estava cinzenta naquela Aurora pacata e provinciana de 1928. Uma enorme sensação de tranqüilidade cobria os semblantes dos viajantes, assim como o coração e o pensamento da multidão que se aglomerava na pedra da estação aguardando o trem. Uma cena comum em todas as cidades interioranas atendidas pelo velho comboio da Rede Ferroviária Cearense(RVC).

Nuvens cor de chumbo em formação pareciam prenunciar no céu daquela Aurora antiga e calma, algo diferente prestes a ocorrer: uma tragédia. Logo se constataria...

Naquela tardezinha quase insossa de sábado, dia 4 de agosto de 28 quando muitos já se esqueciam dos episódios de um ano antes, relacionados à presença do rei do cangaço na terrinha; o velho aparelho do telégrafo da RVC de novo estava prestes a receber no código morse um telegrama diferente. Um comunicado estranho; digamos que chave, para os desdobramentos do acontecimento dramático que se seguira ao fato:
Jagunços do cel. sob o comando de Zé Gonçalves. Foto de 26 Ingazeiras
- “Antonio, algodão hoje sobe!”. Eis a mensagens...
Uma missiva quase enigmática considerando que o algodão – o ouro branco d’Aurora daquele tempo, faria sempre o sentido contrário, ou seja, descia pras bandas do litoral. E o seu preço no mercado há muito era de todos conhecido.
Porém, aquela mensagem sertanejamente codificada não seria de todos estranha. Havia um destino e um desiderato certo: os paulinos com o fito de surpreender o coronel. 
Dizia muito mais do que ali estava escrito de modo lacônico... A estação de Aurora estava repleta de gente. Um acontecimento que se tornara comum deste a sua inauguração festiva, oito anos antes, isto é, em 7 de setembro de 1920.
E a cronologia do momento seguinte, logo provaria para todos que o pano de fundo era um crime. Um atentado violento à ordem e a vida em nome da vingança e da intolerância de uma região marcada pela lei do bagamarte. Uma intriga passada à limpo. E como se viu, expressa na força da violência e da ignorância em detrimento da razão e da justiça. Sinais de uma época densamente marcada pelo poder de fogo do coronelismo oligárquico, engendrado pelos mais temíveis e truculentos líderes políticos que o Cariri cearense já experimentou um dia. Um período onde a lei no mais das vezes, quando prevalecia, era a do mais forte.  Enquanto a justiça quase sempre, era feita, via de regra pelas próprias mãos, em geral, dos poderosos.
Estação de Aurora em dia dia exposição de fotos antigas
Naquele sábado, de uma tarde escura de agosto, a estação de Aurora não demoraria a ser palco de um episódio que  marcaria à história do Cariri e do Ceará para sempre como um nódoa incômoda. Vez que envolveria, aquele que foi certamente, o mais famoso e temível chefe político da região: o coronel Isaias Arruda de Figueirêdo. Filho do lugar, ex-delegado de polícia, então prefeito pela força da vizinha Missão Velha. E, de quebra, o maior dos coiteiros de Lampião no interior cearense. Um autêntico mantenedor de jagunços e hábil negociador político junto aos potentados da vizinhança, assim como os grandes da capital.
O tempo escorria tal qual o suor no rosto daquela turba de anônimos já impacientes pela delonga. O relógio do prédio apontava 14h25min quando, finalmente, todos puderam escutar o apito estridente da velha máquina a ecoar no horizonte.  Apenas Sabina, entretida demais com o seu café, não se deu conta daquele acontecido. Todos, de repente voltaram suas atenções na direção do corte-grande lá pras bandas do alto da cruz, do sito Frade. A paz da Aurora estava prestes a sofrer um abalo...
O trem da Fortaleza vinha ligeiro e enfezado beirando o rio Salgado na ânsia de chegar tão logo às terras do Crato. E chegou à Aurora. Esbaforido e com sede como se fosse um animal cansado
Enquanto exímios chapeados transportavam com pressa e sem nenhum cuidado, grandes caixotes, sacos, pacotes e outros fardos de mercadorias aos sopapos. Uns desciam para o armazém da RVC outros subiam para os vagões do trem com destino ao Crato. Animais, coisas de madeira, artesanato, aguardente, rapadura, oiticica, panelas de barro. O trem acelerava a curiosidade, tanto quanto a economia daquela vila quase esquecida no oco do mundo.
Mas de repente, o som de um tiro seco ribombeou no ar. Quebrando a normalidade natural daquele acontecimento diário. Em seguida, vários outros disparos puderam ser ouvidos no interior do segundo vagão da primeira classe. Talvez sete ou oito no total... Até hoje ninguém sabe ao certo. Um silêncio quase sepulcral se abateu na plataforma por alguns instantes que pareceram eternos. Somente o roncar da locomotiva um pouco mais a frente estacionada defronte a caixa d’água. Em seguida uma correria...
Vozes diziam tratar-se de uma discussão. Três homens saíram atracados e em seguida correram no sentido contrário do vagão. Uma disparada em direção do armazém e depois para o beco da antiga rua que dava para o cemitério. De súbito, um quarto homem um tanto elegante, rosto jovem e bem tratado. Gestos aparentemente finos, surgiu do segundo vagão da primeira classe. Vestia impecavelmente um terno de linho branco. Olhar altivo. Pisou de modo esquisito e desaprumado o piso, a pedra da estação. Alguns passos apenas e cambaleando fitou a multidão como quem quisesse dizer algo. Não foi possível. Sangrando e com a mão direita colada ao peito chamava baixinho pelo primo. 
O linho branco do seu terno agora começava a se tingir de vermelho. Seus sapatos de cor marrom e bem polidos contrastavam com o vermelho escuro do seu próprio sangue formando poças na plataforma enfumaçada. Era o coronel Isaias Arruda, chefe político, filho da terra. Prefeito da Missão Velha. Alguém logo afirmara em meio a multidão de curiosos. 
Homem afamado em toda região, desde as bibocas à capital do estado. Um líder corajoso e ousado. Devagar caiu ao chão da plataforma ainda com arma intacta junta ao cinto. Não teve tempo sequer de usá-la.
Alguém saindo de dentro do vagão posterior se aproxima dele e forra o chão da pedra com um jornal que lia; edição do dia 3. Seu braço esquerdo e parte superior do tórax estavam em frangalhos. 
Ferimentos gravíssimos provocados pelos vários balanços com que fora atingido mortalmente. E o coronel, mesmo seriamente alvejado, bastante ferido, pronunciou baixinho quase inaudível:
- Os irmãos paulinos me acertaram! 

Eles me acertaram! 
- Mas como é que nem o Viana nem ninguém me avisou que meus inimigos estavam aqui?! 
Oh, Bando de covardes...
E de chofre emendou:
- alguém me chame o farmacêutico!
Foram os Paulinos, eles me acertaram... repetiu: - Bando de covardes!

Outros mais ousados iam  aos poucos  se aproximando da vítima que gemia deitada ao solo da pedra, sobre as folhas do jornal ‘O Ceará’. Enquanto isso, um mais pouco afastado da estação José Vicente ou Nezinho de Milica, dois  primos  saíram em perseguição(ou fugindo) dos irmãos paulinos: Antonio e Francisco, responsáveis pelo atentado.
Foi levado para à residência de Cícero Ferreira do lado do poente  e, em seguida, para a de  Augusto Jucá um antigo amigo morador da rua grande. Isaías foi socorrido. Inicialmente por um farmacêutico prático - o único que existia na cidade. No dia seguinte, bem cedo, dois médicos de Iguatu vindo de trole pela linha da RVC: Antenor Cavalcante e Sérgio Banhos atenderam o coronel. Porém, diante da gravidade dos ferimentos não tiveram como salvá-lo. Sendo que no dia 8 de abril uma quarta-feira às 6h da manhã, quatro dias após ter sido baleado, Isaías Arruda faleceu como que por capricho do destino na terra em que nasceu, foi batizado, cresceu, casou e foi delegado.
Antiga Fazenda Ipueiras do cel. Isaías em dia de Cariri Cangaço

Rumores apontaram ter sido o assassinato uma vingança de Lampião pela suposta traição do coronel um ano antes, durante o célebre “fogo da Ipueiras” (fazenda de sua propriedade) ao lado de Zé Cardoso e o major Moisés Leite de Figueiredo. Além da tentativa de envenenamento do bando lampiônico, em cujo local Virgulino se arranchara por diversas vezes. Ocasião em que o rei do cangaço fugia das volantes, após o fracasso da invasão à Mossoró, arquitetada sob as estratégias de Massilon Leite e financiada pelo próprio coronel.
Mas o certo, segundo se provaria logo depois, foi que os paulinos vingaram o assassinato do irmão mais velho João, morto numa emboscada no serrote d’Aurora pelos jagunços de Arruda no ano anterior.
Terminava ali de modo trágico, na estação ferroviária de Aurora a verdadeira saga de um dos mais temíveis e respeitados coronéis do Cariri - Isaías Arruda de Figueirêdo. Assim como, sua rixa ferrenha contra os irmãos paulinos da Aurora.
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Prof. José Cícero.
Escritor, Pesquisador e Poeta -
Secretário de Cultura e Turismo de Aurora - Ce.
jcaurora.blogspot.com
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em setembro o Cariri apresenta: Palestras:
EM MISSÃO VELHA - ISAÍAS ARRUDA
E EM AURORA  DIA 20 DE SETEMBRO 
19 H- MARICA MACEDO DO TIPI. 
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- Por: José Cícero
Foto inédita de Marica Macedo do Tipi
Prefeito Adailton Macedo ao lado do Dr. Vicente Landim
Pracinha em frente a capela no distrito do Tipi
Aquarela do sítio Mel onde viveu o clã da matriarca do Tipi

Aurora reencontrando a sua verdadeira história durante o Cariri Cangaço 2013

Contemporânea da intrépida lavrense Fideralina Augusto Lima, Generosa Amélia da Cruz em Santana do Cariri,  além dos feitos e ações que nos remetem até mesmo à  heroína Bárbara de Alencar -  Maria da Soledade Landim – 'Marica Macedo do Tipi d’Aurora', compôs com folga de mérito e valentia o histórico quarteto  das chamadas matriarcas dos sertões caririenses.   
Nascida no século XIX ao que tudo indica no início de 1865  na Gameleira do Pau  sobre a  serra do Araripe,  região do Jamacaru (bem ao lado da fazenda  Serra do Mato do não menos famoso cel. Santana – conhecido coiteiro de Lampião)  em Missão Velha.
Filha de João Manuel da Cruz(Joca da Gameleira) e de Dona Joaquina de Sales Landim(D. Quininha). Casara pela primeira vez entre 1883-1885 na igreja de Missão Velha com José Antonio de Macedo(Cazuzinha do Tipi)  seu parente. Ambos descendentes dos “Terésios. Em 1891 o casal decidiu  morar em Aurora  comprando a propriedade do sítio Sabonete onde mais tarde se formaria a vila Tipi; local onde  fixaram residência até o fim da vida.
Informações esporádicas dão conta de que era uma mulher de gênio, determinada e de inteligência incomum para aqueles tempos. Além de ousada, perspicaz e valente, notadamente quando se tratava  de defender  posições e  os interesses do seu clã.  Mesmo numa época  em que  imperava a supremacia do sistema patriarcal que, via de regra, relegava à mulher  a uma posição social das mais subalternas.  No mais das vezes, relegada aos afazeres domésticos, conquanto  confinada à cozinha e a criação da prole.
De tal forma que, qualquer tentativa de se contrariar  o velho padrão era encarado quase como  um sacrilégio. Porém,  com Marica do Tipi, o que  até então era tido como  regra,  acabou dando lugar à exceção. Pelo menos por aquelas bandas do sertão do Ceará... E assim foi que ousou, desafiou e se impôs do seu modo particularmente austero e imperativo ao status quo vigente. 
Por sua coragem e valentia  de autêntica ‘amazonas sertaneja’, logo se tornou conhecida, influente e respeitada  por todos os quadrantes do Cariri e  região circunvizinha. Tanto que, ainda hoje alguns historiadores a denominaram de “a coronel de saia” ou simplesmente de ‘a brava sertaneja de Aurora’.
A força do seu nome, portanto foi muito além  do riacho do Tipi de onde construiu o seu  poder, que além de político era alicerçado no latifúndio, no criatório de gado,  lavoura  de milho, algodão, casa de farinha e  engenho de rapadura. Gostava de  ideias  novas e pioneiras. Como por exemplo, quando Antonio Macedo (seu filho), assumiu a prefeitura em 1919 ela ordenou que o município fosse divididos em quatro partes  no sentido de facilitar   administração. Cabendo a ela própria gerir os problemas e os interesses da região que ia do sítio Cobra, Sabonete, Mel e Tipi até à fronteira com a Paraíba. Há quem diga, que fizera  uma excelente administração.
Da casa grande, quanto   da bagaceira do eito dava ordens  aos seus comandados com  a mesma autoridade e energia dos coronéis  do seu tempo. Suas determinações, portanto, tinham verdadeira força de lei. Tornando-se, por conseguinte, uma mulher de invejável poder e respeito não somente no que tange às questões familiares, como inclusive  na política aurorense onde se pontificou por vários anos não, diretamente, mas através de filho,  parentes e aliados.
Esteve no centro de questões emblemáticas, a exemplo do chamado “fogo do Taveira” que redundou  na invasão e saque de Aurora em 1908 por mais de 600 jagunços sob o comando de Zé Inácio do Barro ante os auspícios de quase todos os coronéis da região. Ocasião em que foi deposto  por meio das balas o então intendente municipal Antonio Leite Teixeira Neto(Totonho de Monte Alegre), substituído que foi pelo fiel aliado de Marica, o cel. Cândido do Pavão. 
Um episódio que, de tão marcante e violento ainda hoje ocupa lugar de destaque tanto na crônica historiográfica, quanto nos anais da história do Cariri, do  Ceará e do Nordeste.
O  tal  “Fogo do Taveira” aconteceu  entre os dias  16 e 17 de dezembro de  1908 no sítio Taveira de Aurora, situado já nos limites de Milagres contíguo ao Barro.  Cerrado tiroteio quando foi morto o filho mais novo da matriarca - José Antonio de Macedo(Cazuza) de apenas 14 anos sendo também alvejado o proprietário da casa.  
Coincidentemente,  naquele mesmo dia fatídico e  na mesma ribeira, acontecia a  polêmica demarcação das célebres  minas do Coxá pertencentes ao padre Cícero Romão Batista. Por sinal, objeto de disputa entre o sacerdote do Juazeiro e pequenos sitiantes do lugar. O que decerto, contribuiu  muito mais para o acirramento dos ânimos entre a gente do coronel Totonho de Monte Alegre, Marica Macedo, Zé Inácio do Barro e coronel Domingos Furtado de Milagres.
Sabendo disso, Marica   solicitou ajuda a Floro Bartolomeu que se encontrava nas imediações do sítio Maracajá(Pavão) liderando um  grupo de jagunços armados até os dentes. Contudo, não querendo participar diretamente do conflito, o representante do padre Cícero apenas usou do seu prestígio junto ao então governador do estado -  Nogueira Acióli que  ordenara a retira imediata do destacamento policial que dava apoio ao cel. Totonho. O que facilitou ainda mais a estratagema para  a invasão e deposição do então intendente municipal.  
Assim, o 'fogo do Taveira' representou  o verdadeiro estopim para a invasão e saque de Aurora, pela jagunçada coronelista  a mando dos maiores potentados  da região. Em cumprimento ao pedido de Marica. Como era comum  naquele tempo, todos os grandes coronéis, invariavelmente, possuíam  seus grupos particulares de jagunços e cangaceiros.
O fato predito culminou com   a deposição forçada do então intendente Cel. Antonio Leite Teixeira Neto(Totonho de Monte Alegre) que aliás, parente de Marica Macedo.  Sendo em seguida colocado em seu lugar o cel. Cândido do Pavão, por seu turno, rendeiro-mor e amigo do padre  Cícero, além aliado incondicional da matriarca do Tipi.  
Quando  viúva, casara  pela segunda vez em 1906   com o barbalhense Antonio Abel de Araújo.   Mandona e dominadora, dizem que não costumava levar desaforo pra casa. Nada acontecia na Aurora do seu tempo, quer seja  na política quanto nas questões mais comezinhas que não fosse do seu inteiro conhecimento. Influente e respeitada era de fato uma grande liderança. Ao passo que também, tinha a força de juiz, prefeito, delegado, assim como senhora de engenho e conselheira familiar. Uma mulher sertaneja que, dentre outras qualidades, se notabilizou  sobretudo por está muito além do seu tempo...  
Morreu supostamente de ataque cardíaco em 6 de janeiro de 1924 na residência de sua filha, localizada  a rua José dos Santos, na beira fresca de Aurora.
  Tema do Cariri Cangaço 2013  em Aurora:
  
Na noite do próximo dia 20 de setembro durante o seminário Cariri Cangaço 2013 em grande estilo Aurora celebrará pela terceira vez, tanto à memória quanto o resgate desta palpitante  história  protagonizada  por  Marica Macedo,  quando se comemora a passagem dos  148 anos do seu nascimento.  
A palestra ficará por conta do seu neto, o Dr. Vicente Landim de Macedo residente na capital federal e presidente de honra da AFA-Brasília*. Indubitavelmente, um momento dos mais afirmativos em que a população aurorense será convidada a conhecer um pouco mais  acerca da história de uma das mais célebres mulheres do Cariri e do Nordeste brasileiro.  
Um instante de verdadeira celebração da geração do presente  com  alguns  dos grandes acontecimentos do seu passado.  
Por fim,  um verdadeiro brinde ao resgate e a preservação da  memória histórica de Aurora, do Cariri e do Nordeste.
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Prof. José Cícero
Secretário de Cultura e Turismo.
Pesquisador do Cangaço
e Conselheiro do Cariri Cangaço.
Aurora – CE.
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Obras Consultadas:
Aurora, História e Folclore – Amarílio Gonçalves Tavares
Marica Macedo, a brava sertaneja de Aurora – Vicente Landim de Macedo.
Matriarcas do Ceará(Papéis Avulsos) – Raquel de Queiroz e Heloísa Buarque de Hollanda.
Estirpe de Santa Tereza – Joaryvar Macedo.
Venda Grande d’Aurora – João Tavares Calixto Jr.
Império do Bacamarte – Joaryvar Macedo.
Revista Aurora – jc: edição 2007.
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SERVIÇO:
SEMINÁRIO CARIRI CANGAÇO 2013!

AURORA:

Dia 20 de setembro de 2013 
TEMA: “Marica Macedo do Tipi – Sertaneja d’Aurora, Matriarca do Cariri”.

Dr. Vicente landim de Macedo.  
Neto de Marica, Presidente de Honra da AFA-Brasília.
Secult-PMA. 
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Fotos: arquivo JC
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domingo, 11 de agosto de 2013

Uma Poesia aos pais pelo seu dia*

 Por José Cícero
Olhe nos olhos do teu pai
diga que o ama e o quanto ele é importante.
Aproveite como nunca este este instante
e abra o coração pra teu teu velho pai.

Posto que a vida é célere feita de momentos
encontros e instantes que não voltam mais.
Por isso sem demora,
pegue na mão do teu pai agora
diga o tanto que o ama e admira
e que não o esquecerá jamais...
Saiba que nem todos tiveram esta chance
de abraçar e agradecer neste instante,
seu ente querido neste dia dos pais.

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José Cícero
Aurora - Ceará.

Foto: http://www.webix.com.br/scraps/1/dia-dos-pais.htm

sábado, 3 de agosto de 2013

A Voz da minha consciência*

Nada de novo!
Uma voz me grita pela milionésima vez em meus ouvidos.
- Tudo permanece com sempre foi: - Velho, velho, velho...
Nada flui com o rio.
Nada de novo!
- Ela insiste.
Eu penso até que estou ficando louco.
E no dilema, prossigo ouvindo 
dentro do meu cérebro este alerta escroto.
Tudo  é arcaico, tacanho, insosso e descabido.
Tudo parece como dantes ou tudo envelheceu de repente?
Nada de novo sob o sol do mundo.
Apenas sinto, que deveras hoje,
tanto a vida quanto à morte
são um 'saco' para se viver tranquilo.
Um risco iminente, 
além do absolutamente necessário.
Tudo está envelhecido e tenebroso!
Insiste a voz, quase a romper meus tímpanos.
O mundo agora vestiu por completo a sua roupa triste.
Roubo, mentira e engodo agora é  praxe!
Nenhum palhaço dos antigos circos
conseguem mais arrancar sequer um riso tímido
de qualquer rosto.
O mundo todo agora é um baú de ossos
enterrado na cova rasa 
de todos os cemitérios abandonados.
Há noite na mente da juventude
e fogo escaldante na alma dos antigos sábios.
Há um silêncio profundo, fúnebre de morte
nos olhos de lágrimas dos gregários.
Qualquer sentimento verdadeiro
somente poderá ser encontrado
nos livros que eles aprisionaram.
Tudo é mecânico e frio.
Tudo é binário por entre a gente.
Sentimento é algo vergonhoso e superado.
E o amor, uma  mentira evidente
estampada na cara cínica e suja do mundo.
O gênero humano aprendeu a comer dinheiro.
Na ânsia louca  de ser grande e ter poder.
Ninguém mais 'sobreviveu ao formidável' fenômeno
de se encantar com a vida.
Ninguém mais consegue enxergar o óbvio ululante.
A poesia, assim como a arte sucumbiram de vez
à falta de bom senso.  
A ignorância  venceu a inteligência.
Tudo o mais é cinismo e caos.
Silêncio, solidão e ostracismo.
Estamos ao passo da barbárie.
Apenas o tédio como  uma donzela atraente
desfilando capciosa e sexy por nossas portas.
A vida envelheceu num piscar de olhos.
O mundo está sisudo e cansado por tanto crime.
A humana raça  é um projeto que faliu faz tempo.
E as pessoas nem se deram conta deste fato.
Todos estão cegos e mudos. 
Ocupados demais com seus  projetos  
e outros interesses triviais.
Miséria e estupidez, via de regra,
agora é lugar-comum dos imbecis
que se dizem ricos e imortais.
Assassinaram a história
para que não houvesse nenhum comparativo.
Ser medíocre  é regra de etiqueta.
Tudo o que conta agora é se dá bem
a qualquer custo como a qualquer preço.
Os fins de fato, justificam os meios.
Estamos portanto, no ponto limite
da convivência humana - evidente desastre.
A vida corre risco. 
Nenhuma espécie está a salvo
desta catástrofe chamada autodestruição
ou progresso.
Tudo, como de resto é bestial e tem cheiro de morte.
O mundo nunca foi, como nunca poderia ter sido
ante a utopia que se fez pelo lado avesso.
Todos nós somos culpados.
Dá medo e pena da indiferença dos que se acham 
grandes  e não estão nem aí para tudo isso.
É triste   caminhar por um caminho,
quando se sabe que não terá mais volta.
Ainda assim, escuto agora  pela bilionésima vez.
A mesma  voz  que me grita aos ouvidos:
- Cuidado Cícero, cuidado!
A vida corre risco!
E está por um fio a última esperança.
Atordoado pergunto para ela: 
- Quem me grita?
E a voz responde: - a tua consciência!
Sofro mais neste instante.
Porque não tenho realmente 
o que responder para ela.
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Por José Cícero
Secretário de Cultura e Turismo
Aurora - CE.
In " Miscelânea Poética" inédito 2013