quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Poema para minha morte

 ... E quando eu morrer...

Se acaso eu pedir para os covardes e meus inimigos íntimos
não forem ao meu enterro.
Sei que sobrarão tão poucos para o meu pobre féretro
que é bem capaz de não haver quórum
para enterrar o meu baú de ossos.
Ninguém mais para carregar meu caixão funerário.
Mas, que assim o seja. Eis o meu desejo.
Pois  desde muito sou contrário,
a este encontro nauseabundo, ritualístico e incômodo.
Onde muitos hipócritas, cínicos e otários se reúnem
para ensaiar falsos sentimentos e ruminar seus atos 
num ambiente à guisa de  teatro.
Porém, se querem mesmo, ainda assim,
fingidamente demonstrar remorso.
Ou qualquer outra forma de piedade...
Que não seja por mim, por que não preciso,
mas por si mesmos.
Posto que eles próprios há muito que morreram
e se mantêm salgados pelos crimes e pelo ódio.
Não havendo ninguém que  de fato
queiram ir aos seus enterros.
Mortos-vivos são todos... Pobres coitados!
Cadáveres podres e insepultos gastando em vão
todo o perfume do mundo.
Covardes, oportunistas, mentirosos e vagabundos.
Cupins humanos, devorando a vida,
Além de destruir e envergonhar todo o resto.
E se ainda assim,
teimarem em ir ao meu enterro,
saibam que lá estarei um tanto altivo
rindo às pampas da cara de todos eles.
Porque eles é que estão mortos.
Eu apenas evolui para renascer de novo.
Além do mais, permaneço eterno
nas figuras dos meus filhos. 
-------------
José Cícero (inédito-2013)
Aurora - CE.
------------
Foto:  http://primosjogadores.wordpress.com
www.blogdaaurorajc.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja Bem-vindo ao nosso Blog Literário