sábado, 25 de maio de 2013

A Superfície das coisas...

Por José Cícero


A Superfície das Coisas tidas como simples

Não, não sei nada do mundo, tampouco da vida que pouco me cabe.
Sei apenas das coisas simples.
Estas que a gente carrega facilmente nos bolsos
como se fossem drops de hortelãs e balas de mel 
a ser distribuídos às coleguinhas do colégio.
Sei apenas das coisas simplórias 
que ao meu juízo as considero todas importantes.
Das coisas possíveis que nos alegram e alimentam o espírito.
E que por isso mesmo, invariavelmente se fazem grandes
na medida que   me comovem, emocionam 
preenchendo as minhas necessidades mais desinteressadas.
Destas que a gente sabe de cor e salteado. 
Porque as sinto efetivamente no meu Eu profundo.
E assim, com elas impregnadas nos meus sentimentos, 
eu também me sinto grande e me divirto.
Só por elas eu me permito ser tocado no meu alterego.
Mas, quando não as tenho sofro demasiadamente...
Como alguém que morre quase sempre de saudades, 
de ausência e de vontades. 
E logo em seguida ressuscita prenhe de entusiasmo 
e de enorme paixão pela vida.
Não sei de mais nada, além disso.
Não sei do mundo e nem da vida 
que não tenham este ingrediente de satisfação modesta.
De todas as coisas alicerçadas na simplicidade.
Pois bem sei de fato, que nada das coisas 
que  não  são consideradas simples e necessárias 
não me pertencem por direito.
Porque as sinto aqui por dentro em meu íntimo.
Assim como pela força dos meus próprios sentimentos.
Como de resto, nada sei em absoluto, 
das coisas estranhas e grandiosas com ‘cara de elefante branco’, 
visto que  não me caibo e não me vejo dentro de nenhuma delas.
Simplesmente porque eles não  me pertencem.
O desejo que acaso arde  em meu peito não é alcançar o inacessível.
A força da  razão pura não me permite ser escravo 
por qualquer motivo.
De modo que, não caibo deveras em qualquer canto.
Tudo o que eu quero é ser feliz 
do meu jeito único, torto e subjetivo.
A simplicidade da vida é uma virtude 
que me farta suficientemente...
Aquilo  que não me pertence, não existe de fato.
O concreto e a sensibilidade é todo o interessante 
que preciso para confortar meus sentimentos.
Além daquilo  que tenho e sinto por mim mesmo.
Do resto, nada sei. Não me interessa. Não existe.
E tampouco me faz falta.
Penso que viver é justamente isso:
- Tentar cotidianamente ser consciente acerca de si mesmo.
Saber dos  limites. 
Entendendo o imenso valor das coisas simples.
E assim, construir passo a passo 
uma felicidade possível
como antídoto contra a inveja
e lenitivo  contra o sofrimento.
..............
In José Cícero
Inédito-2013

 
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